Passando pelo jardim,
os alunos do 1º ano entraram para dentro do gigante palácio no qual, pelos
vistos, iam viver dai em diante. Lá, as paredes, decoradas com azulejos com
várias linhas sem qualquer interligação ou sentido aparente, cintilavam com ar
misterioso e majestoso, com as janelas enormes a rasgar pedaços da parede,
deixando o sol entrar para o salão, chamando a atenção aos recém-chegados.
Seguindo o professor,
todos olhavam pelos lados, alguns espantados outros interessados no que viam.
Ao fundo da sala avistavam-se umas enormes escadas de mármore branco com alguns
riscos pretos ou cinzentos que, dividindo-se para dois lados, subiam para cima
e desapareciam atrás das enormes paredes de azulejo. Mesmo atrás das escadas,
antes de elas se dividirem em dois, via-se uma gigante porta, de madeira
escura, que parecia ser velha, apesar de ter algum brilho. A volta desta
sobressaia o mesmo mármore que o das escadas, com a cabeça de um dragão no
meio.
- Venham. – disse o duende, começando a saltar de escadas em escada,
como se estivesse a saltar, divertindo-se.
Seguindo o professor, os alunos subiram as escadas cada vez mais e mais
ansiosos, com a imaginação a fluir na sua cabeça. Ao chegar a porta, todos
olharam para ela espantados com o seu tamanho, apesar de a terem visto de longe
e pensarem que era grande, mas mais perto ela parecia mais gigante, já que era
necessário elevar a cabeça para ver o fim. Dispersando-se um pouco, todos
conseguiam ver o que se passava a frente, esperando que a porta se abra rapidamente.
Olhando para a expressão de toda gente, o pequeno duende, com um sorriso de
orelha a orelha, aproximou-se da porta, a salta, batendo nela três vezes.
Um click fez se ouvir pelo silêncio do enorme salão, abrindo-se a porta logo a
seguir, sem haver ninguém a empurrar-la para a abrir. Ao ser aberta, todos
conseguiram avistar o que havia do outro lado, deixando todos com um sorriso na
cara, já que um enorme grupo de alunos estendia-se pelo salão gigante, deixando
uma faixa no meio para os outros passarem, aplaudiam com um entusiasmo
bem visível, de sorrisos na cara e um olhar esperançoso. Ao olhar pelos lados,
distinguiam-se grupos com vários uniformes e várias cores. Uns cintilavam com
azul, outros com amarelo. Até havia uniformes vermelhos e verdes, que se
distinguiam não só pela cor bem como pela postura. No meio deles, um pequeno
grupo usava uns uniformes brancos, completamente diferentes dos outros,
chamando a atenção da Alice a mediada que esta passava pelo pequeno corredor
humano e chegava-se a frente em conjunto com os seus novos colegas.
Por entre a multidão ouviam-se uns "olá!" a medida que as pessoas
reconheciam umas as outras. Porém, logo que os novos alunos atingiram a mesa da
frente, todos se calaram respeitosamente. Os vários professores sentavam-se
direitos, a olhar para todos os alunos, sem demonstrar nem uma única emoção,
até que um deles, o que se sentava no meio, se levantou.
As palmas dos alunos e dos professores criaram uma algazarra geral,
enquanto este sorria e tentava acalmar toda a gente com sorrisos. “Deve ser o
director…” pensou Alice, tendo em conta a sua posição na mesa e a reacção de
todos. Estava um pouco surpreendida. Apesar de este não parecer um jovem, o
director não devia ter mais do que trinta e cinco anos. Se Alice pudesse
apostar, diria que ele tinha trinta ou trinta e um anos. De constituição forte,
tinha uns cabelos negros longos atados atrás num rabo-de-cavalo e uma pele
extremamente clara, quase como de um vampiro. Os seus olhos azuis-escuros
percorreram a multidão, olhando directamente nos olhos azuis-claros da Alice
antes de sorrir e começar a falar.
- Bem-vindo a nossa escola! – a sua voz era forte e grossa,
ouvindo-se por todo salão – Hoje, vocês iniciam a vossa aprendizagem de
controlar a magia com que nasceram, o dom que vos protegerá dos inimigos nas
horas mais negras e ajudará nas horas mais tristes. Esta será a vossa casa
durante os próximos anos. Aproveitem, aprendam, cresçam… tudo esta nas vossas
mãos. – abriu os braços ao pronunciar as ultimas frases, como se convidasse
todos para um abraço.
- Parece uma coisa que todos os directores dizem… – queixou-se
baixinho a Jane, aparecendo atrás da Alice – … e tudo é mentira.
- Porém tens que admitir que é agradável ouvir isso… – contradisse
Alice, sorrindo-lhe enquanto esta lançou-lhe um olhar assassino.
- Agora. Que comece a cerimonia! – declarou o director, levantando uma
varinha escura da mesa. – Primeiros anos, cheguem-se a frente.
Como se tal fosse possível, os alunos aproximaram-se ainda mais das pequenas
escadas que dividiam o salão. Os professores sorriram um pouco quando o
director levantou a varinha e, com um gesto tão leve como uma pena,
baixou a repentinamente como um maestro. Umas palavras soaram pelo salão,
indistinguíveis por causa do vento repentino que se formou aos pés dos alunos.
O vento, lentamente, começou a transformar-se uma névoa branca,
envolvendo todos como uma cortina branca de vapor. Ninguém conseguia ver nada
do que se passava, não tendo coragem de se mexer até que esta começou a baixar
mais e mais, revelando os alunos espantados.
Exclamações de surpresa geral fizeram se ouvir pelo salão, seguidos de
risos dos mais velhos. Estes já estavam habituados a ver aquilo, porém para os
primeiros anos, aquela era a primeira vez. Ninguém entendia o que se tinha
passado. As roupas normais com as quais tinham vindo para a escola
desapareceram com a névoa, substituídos por novos uniformes todos iguais.
Surpreendida, Alice olhou para baixo notando a estranha saia bege, simples com um sinto castanho escuro,
em vez dos seus jeans escuros. Levantando um pouco as mãos, ela notou o
casaquinho curto castanho, da mesma cor que o sinto da saia, que escondia
a camisa branca que ela vestia. As mangas do casaco eram curtas e em forma de
balão, acabando uma fita bege clara, da mesma cor que a saia, enquanto uma fita
castanho clara rodeava o seu pescoço, formando um lacinho, com uma pedra, dum
cinzento claro, no meio desse. Batendo com o pé no chão, Alice notou as
sabrinas castanhas, simples mas confortaveis, em vez dos seus ténis azuis,com
umas meias castanhas que iam até ao joelho, deixando o resto das pernas a
mostra.
Ainda a olhar surpreendida para a nova ropa, Alice pestanejava ao tentar
encontrar outras coisas do seu novo uniforme, mas antes de poder encontrar mais
de o fazer, a voz do director chamou a sua atenção.
- A partir de hoje, estes serão os vossos uniformes. Tratem os bem pois
serão como os vossos novos amigos, pois se se estragarem, nos não arranjamos. -
disse ele, num tom de gozo o que fez com que todos começassem a rir.
As gargalhadas dos alunos misturaram-se com os sorrisos dos professores,
que pareciam mais humanos a cada minuto que passava. Passado uns minutos,
quando a maioria já se tinha acalmado, ele disse para que os alunos do primeiro
ano começassem a sair do meio da sala. Todos, calmamente e sem empurrar alguém,
começaram a sair para os lados de modo a se misturarem no meio da multidão que
lá se encontrava, reorganizando as duas colunas de alunos, já mais calmos que
antes. A Alice, um pouco indecisa e a olhar pelos lados, já que não conhecia a
maioria da gente que se encontrava lá, foi puxada pela Jane para um dos lados,
deixando a entender que esta não a iria largar por mais que a forçassem.
Sorrindo, Alice virou-se para fitar os seus novos colegas do outro lado da
coluna, só para dar de caras com o William que a fitava um pouco espantado, mas
com um pouco de agrado, como se não estivesse a espera de a ver. O seu novo uniforme ficava-lhe
estranhamente bem. Ao contrario do das raparigas, este era simples apesar de as
cores predominantes serem as mesmas. Por cima de uma camisa branca, um casaco
castanho escuro, com um bolso do lado esquerdo desse, repousava nos seus
ombros, combinando com as calças do mesmo tom, que lhe davam o ar de um rapaz
normal. Os sapatos dum castanho escuro, brilhavam como se foi a primeira vez
que alguém os comprou. Irritada com a sua distracção, ela virou a cabeça só
para dar de caras com uma Jane intrigada.
- Isso fica-vos bem! – disse um dos rapazes da coluna em que elas se
encontravam, vestido de roupas nas quais a cor predominante era vermelho. Não
olhando muito para as roupas, Alice olhou para traz, para ver quem era.
- Ya. – concordou um outro, desta vez vestido de amarelo, mesmo ao
lado da Alice – especialmente a ti ruiva. Não tás nada mal. - disse ele,
mandando um sorriso enigmático.
Quando, de repente, o rapaz olhou para cima, de modo a ver o outro lado da
coluna, ele deu-se de caras com o William, que os olhava com um olhar
assassino, especialmente ao de amarelo, fitando-os durante algum tempo, sem que
ninguém, a não ser eles, dessem conta disso, até que os dois começaram a sair
dali.
- Mas porque é que eles saíram? - perguntou Jane, um bocadinho
indignada com o comportamento deles. - Primeiro vêem dizer que estamos bem, e
depois vão se embora. Mas é claro que… - começou ela, mas antes que pudesse
acabar o director interrompeu-a.
Com a sua voz alta mas de mesmo modo mandadora, ele chamou os alunos do
segundo ano, que começaram a sair do meio da multidão, dirigindo-se para o meio
d salão, onde antes estava a Alice e o resto do pessoal do primeiro ano.
Estes, tinham uns uniformes iguais aos seus, porem as suas expressões eram bem
diferentes. Não era só a ansiedade e felicidade que se espelhava, mas também a
esperança e entusiasmo.
Ao chegarem-se mais
ao meio, os alunos olharam para o director, que lhes mandou um sorriso suave e
feliz, que era bem diferente do que mandou aos alunos do primeiro ano.Ao
levantar as mão, e com uns movimentos rápidos mas ao mesmo tempo elegantes, ele
parecia fazer desenhos no ar com a varinha. Parecia que estava a escrever
alguma coisa mas que só ele conseguia ver, pois, ele nunca passava duas vezes
onde antes passava. Depois de uns segundos, o professor passou a sua varinha,
como se estivesse a cortar alguma coisa, pronunciando "Vidia"
baixando a sua varinha e suspirando em surdida. Os alunos, do primeiro ano, que
estavam completamente entusiasmados, ficaram rapidamente desiludidos pelo facto
de nada estar a acontecer. Nas suas esperanças eles imaginavam uma outra névoa
a sair do varinha do professor e enrolar todos os outros, tal como lhes tinha
acontecido, mas nada estava a passar-se. Os alunos do segundo ano, permaneciam
parados no meio do salão, de olhos fechados, sem se mexerem, como se fossem
petrificados. Demasiado desapontados, maioria dos alunos baixou o seu olhar,
indignados por não se passar nada, mas, tiveram que as levantar logo a seguir
devido a uma luz que começou a aparecer do nada.
A luz começou a crescer, segando todos que estavam a sua volta. A luz era
branca e pura, sem qualquer sinal de outra cor ou sujidade. Era um branco puro
e bonito. Mas esse branco não durou muito. Passados alguns segundos após a luz
branca aparecer, começaram a aparecer explosões de luz vindas de todos os
lados. Eram de várias cores, verde, azul, vermelho e amarelo. Foi naquele
momento, que Alice reparou nas cores das roupas dos outros alunos. Eram das
mesmas cores que o das cores que estavam a explodir no salão.
Após uns minutos, as cores começaram a recolher-se de modo a entrarem numa
pedra que cada alunos levava, ou no topo da grava, ou no laço, ou no bolso do
casaco ou até em cima da cabeça, e a deixarem a vista os novos uniformes de
cada um.
Espantada e sem palavras, Alice não conseguia deixar de se sentir
surpreendida com a magia. Os alunos que estavam no meio já não pareciam os
mesmos que à bocado. Cada um distinguia-se dos outros não só pelas suas roupas,
mas também pelas suas expressões. Uns saltavam felizes de alegria, enquanto
outros olhavam meio desapontados para um canto do salão. Havia uns, de verde,
que sorriam arrogantemente para o resto dos alunos, como se fossem pessoas
demasiado importantes ou até réis. Desde logo, Alice entendeu que aquelas cores
não estavam ali por acaso. Até mesmo naquela escola o estatuto económico dos
alunos importava, havendo os populares, ricos e pobres, tal como numa escola
normal. Porém ela não se importava com isso. Nunca se importou e não era
naquele instante que começaria. Para ela a escola era muito maior e mais
importante que os estatutos sociais, pelo que o seu sorriso rasgado apenas
cresceu mais e mais.
Olhando mais para as roupas, Alice ficou espantada pela diferença que
existia nos uniformes normais e nos uniformes dos alunos dos anos seguintes.
Cada um destinguia-se do outro não dando margem de os baralhar.
Os alunos de verde pareciam ainda mais arrogantes por causa das suas
roupas. A roupa dos rapazes parecia ser demasiado formal para ser um
uniforme.Tinham um casaco verde, não muito escuro, de um material que parecia
ser o mais caro,dando lhes um sentimento de superioridade. Por baixo do casaco
dava para ver o corset dos rapazes dum tom mais escuro que os casaco, quase
preto, que tinha um bolso em cima do qual estava a pedra verde que eles usavam.
A camisa, num tom verde muito claro, quase branco, feita de seda mais cara,
dava um bom contraste a gravata num tom verde claro, como os das folhas por
baixo da luz do sol. As calças e os sapatos, apesar de serem verdes ecuros,
quase pretos, reluziam quando o sol embatia neles. Por outro lado, as raparigas
vestiam um casaco da mesma cor que os rapazes, porém tinham mangas curtas, com
rendas de um verde palido, quase branco, tal como a camisa que usavam, que
também era de seda. O corset, ao contrario dos rapazes, era verde marinho, com
uns botões dourados. Usavam uma saia, da mesma cor que o casaco, simples mas, devido
ao ar que o resto do conjunto dava,lhes davam um ar de “lady”. Os sapatos eram
quase da mesma cor que o casaco, mas um bocadinho mais escuro, com um brilho
verde palido. Ao contrario dos rapazes, usavam um laço jade, onde tinham a sua
pedra.
Os segundos mais arrogantes, no entando com um ar mais calmo, eram os
alunos vestidos de azul. Os rapazes tinham um longo casaco azul escuro, como a noite,
com uma graduação de cor que se aproximava cada vez mais do preto. As mangas,
dobradas para o exterior, pareciam ser feitas a medida, pois não parecia ser dobrado desse modo,
mas sim cozido com essa parte separadamente. Ao contrario
dos verdes, que ainda usavam um corset por baixo do casaco deles, os alunos do
azul só tinham uma camisa torquesa palido com uma gravata azul que tinha umas
pedras no final dela, tendo do topo, ao pé do colarinho, uma pedra principal,
grande e brilhante. As calças, que pareciam ser pretas, eram feitas de um
tecido em xadrez de tons azuis escuros e um pouco mais claros, mas não de modo
a haver muita sobreposição das cores. Os sapatos, do mesmo tom que o casaco, eram
um pouco mais ecuros, parecendo estar polidos, pois transpareciam uns azuis
mais claros, nas partes onde o sol batia. As raparigas, por sua vez, também
levavam um casaco, da mesma tonalidade que o dos rapazes,que se dividia em dois
na zona de cintura, de modo a deixar ver a saia num tom de azul celeste,
chegando até aos joelhos, onde acabava graciosamente. As mangas, tal como o
casaco, dividiam-se em dois, a partir da zona dos cotovelos, ligado por umas
cordas pretas, deixando a vista as mangas da camisola, que não eram justas, mas
sim espaçosas e soltas, parecendo ser feitas de várias rendas, da mesma
cor que a dos rapazes. As botas eram pequeninas, da mesma cor que os sapatos
dos rapazes, porém eram mais requintadas e elegantes. Tal como as outras
raparigas, usavam um laço onde estava a sua pedra, que neste caso não era verde
mas sim turqueza.
O terceiro grupo, pelo
que a Jane dizia, eram os alunos com as roupas de vermelho. As roupas dos
rapazes pareciam ser de alunos rebeldes que não se importavam com a escola. O
seu casaco, de uma cor avermelhada, não tinha mangas e estava todo roto no
final, como se alguém as tivesse arrancado. O casaco fazia um V na parte de
frente, ao passo que a parte de traz era mais longa que a parte da frente. A
camisa, num tom vermelho muito muito claro, era um bocado mais curta do que o
casaco. Tendo mangas iguais as de uma camisa normal, o punho estava escondido
por detrás das luvas vermelhas muito escuras, que estavam cortadas deixando a
vista os dedos. Para fazer o uniforme mais normal, os rapazes utilizavam uma
gravata, que a maioria deixava solta, da mesma cor que as luvas. As calças, que
também eram da mesma cor, apresentavam um ar mais normal do que o esperado,
mas, para fazê-los parecer ainda mais rebeldes, eles tinham duas correntes, que
iam dum meio ao outro, de traz para frente, deixando a vista a pedra que eles
levavam, o que era bem esquisito, já que a maioria levava a pedra numa gravata
ou no casaco. Por momentos Alice pensou que essa pedra podia ser roubada, mas
só depois reparou que a pedra tinha poderes próprios, sendo impossivel tirar a
pedra das correntes ou afasta-la do seu parceiro, o que acontecia com o resto das
pessoas.
As raparigas, ao
contrario dos rapazes, apresentavam um ar mais serio. Tinham um casaco longo,
que ia mais ou menos até ao meio das pernas, que se dividia um pouco acima dos
joelhos. Esse, também não tinha mangas, mas não sem ser rasgado, era dum
vermelho claro com umas riscas, mesmo no contorno do casaco, de um vermelho
mais escuro. Por baixo do casaco, em vez de uma camisa, elas tinha uma túnica,
que ia até a coxa. Era dum vermelho muito claro, quase branco; as mangas eram
soltas, apanhadas em fora de balão acima da palma, sendo solta a partir dai,
parecendo que vinham de um filme de pirata. Debaixo da túnica, as raparigas
vestiam umas calças, que pareciam de um montador de cavalos, o que parecia-se
mais e mais a isso devido as botas que iam até aos joelhos num tom vermelho
escuro. A sua pedra estava no laço vermelho escuro da tunica.
O ultimo grupo, vestido
de laranja, parecia ser o grupo mais desanimado. Os rapazes tinham um casaco
laranja escuro com botões dourados dos dois lados do casaco. No topo do casaco,
na parte dos ombros, eles tinham duas tiras com os contronos amarelados, com um
botão dourado de cada lado. Os punhos do casaco, também dobrados para fora,
estavam soltos, ao contrario do dos verdes que estavam fechados, e tinham dois
pequenos botões que tornavam as roupas ainda melhores. Debaixo do casaco os
rapazes só tinham uma t-shirt, o que os diferenciava do resto do grupo. Essa
era de uma tonalidade de amarelo pastel, que ficava bem em contraste com o
casaco laranja. As calças, mais escuras que o casaco, assentavam bem em cima de
uns sapatos mais escuros, mas não exibiam aquele brilho exuberante que os
outros antes exibiam, mas sim simples, sendo eles um dos grupos mais fixes,
segundo a Alice. As raparigas, tal como as do grupo dos vermelhos,
diferenciavam-se bastante do rapazes. Os seus casacos amarelo pastel eram
fechado até a parte da cintura, com um zipper, que depois transformava-se numa
segunda parte do casaco de uma cor alaranjada, separando-se pelos dois lados,
de forma a descer, até se juntar atrás das costas, representando o mesmo
tamanho que a própria saia. O cimo do casaco, ao contrário do resto, dividia-se
em dois na parte onde o zipper começava, acabando numa forma espicaçada,
formando dois balões de modo a formar as mangas, que na parte de cima dos
braços era segurada por dois laços laranjas, depois soltos, indo até ao final onde,
a partir da parte em que tocam nas mão, ficavam mais alargadas até tocarem no
dedo do anel. A saia, ou melhor, o vestido, apresentava uma gradação de cores,
passando de um laranja escuro para um amarelo. Para além disso, dava para ver
que o vestido apresentava uma segunda camada, que era branca. Os sapatos
laranjas, que eram umas sabrinas, ficavam muito bem com as meias altas que as
raparigas vestiam dum amarelo claro, com uma segunda parte branca. Ao contrário
dos outros grupos, estes tinham duas pedras, os rapazes nos botões dos punhos
do casaco, um de cada lado, e as raparigas nos laços do casaco.
Alice ficou petrificada a olhar para
os pormenores de cada conjunto até que parou e olhou com mais atenção
para as pedras que cada um levava. Foi então que ela entendeu que não se
tratava de uma simples pedra, que uma pessoa qualquer pudesse substituir. Cada
aluno levava consigo uma pedra que valia bastante no mudo do humanos. Os verdes
tinham uma pedra verde, em forma de uma meia lua, que era uma Esmeralda. Os
azuis, por sua vez, tinham a pedra em forma de uma gota de agua e era uma
Safira muito claro. Os vermelhos tinham a sua em forma de um circulo e era um
Rubi que parecia que estava a arder, enquanto que os amarelos tinham uns
quartzos amarelos em forma de octagono.
Ainda um pouco surpreendida, Alice continuou a olhar para as pedras, com
bastante atenção, até ser chamada pelo director, que começou a falar de novo,
pondo fim as conversas altas.
- Bem vindos a vosso novo ano, meus amigos. Todos os anos são
um desafio para voces e espero que o consigam superar com excelentes notas. -
disse ele, sorrindo - Esta é a vossa casa, tal como já disse, pelo que
espero que vocês a tratem como tal. – Olhando a volta, sorriu aos novos alunos
e, abrindo as mãos como antes, pronunciou – Que comece a festa!
De
repente, com faiscas a saltarem de cada canto da sala, o salão antigo de
mármore negro transformou-se numa discoteca. As fitas de várias cores,
aparecidas do nada, pendiam no tecto enquanto uma bola de cristal cintilava por
cima da pista de dança, já recheada por diversos alunos. Por todo o salão
pequenas mesas com comida apareceram, cheias de salgados e doces, que apareciam
de novo cada vez que alguém acabava por comer aquilo que já havia. Em algumas
delas havia comida normal, que foi atacada como tudo o resto devido ao facto de
a viagem ter sido longa e alguns tinham regras acerca da sua alimentação. Todos
divertiram-se, ate mesmo os professores, que dançavam entre si e com outros
alunos, que estavam a desfrutar da festa que foi planeada este ano.
Graças a insistência da Jane e ao seu olhar assassino, sempre que
algum se tentava aproximar da Alice, afastava-se logo, sendo que esta passou um
bom tempo na festa só com ela, o que facilitou o trabalho ao William, que mesmo
que estivesse do outro lado da sala, também mandava alguns olhares assassinos a
cada um que tentava aproximar-se delas.
Não podendo durar todo o dia, a festa depressa acabou com algumas
considerações gerais do director a serem ditas no final, que envolviam regras
gerais e alguns sítios que não podiam ser acedidos. Entre os últimos estava a
zona principal do palácio, por esta ser um património do mundo mágico, a
floresta devido ao número elevado de criaturas, que muitas vezes não eram nada
amigáveis, e outros lugares, sem que seja apresentada uma razão para tal.
Dita por acabada a festa, as fitas e o resto começou a desaparecer
lentamente, até que não sobrava nada no salão e os alunos foram dispensados.
Tal como os do primeiro ano não sabiam para onde ir, um aluno mais velho, que
já estava a espera deles, foi recomendado para os levar aos seus quartos. Este
vinha vestido de verde e, enquanto dirigia-os para os quartos, olhava para
alguns alunos de um modo um pouco esquisito, como se não pensasse que eles
deviam estar ai, sendo a Alice uma delas, pois cada vez que a olhava fazia uma
careta que a fez um pouco irritada. Apenas sorria quando cruzava-se com o
William e o seu grupo, que seguia um pouco mais a frente dos outros, dando a
entender que estes se conheciam muito bem.
Depois
de passar por vários corredores com os mesmos azulejos do salão de entrada, uma
porta escura abriu-se a sua frente, por onde ele entrou sem demora. Após todos
entrarem, o aluno falou pela primeira vez.
- Bem vindos! – a sua voz grossa estava muito desajustada, não
coincidindo nem com as suas feições nem como a mensagem que transmitia. – Eu
sou o Brandon, um aluno do terceiro ano. Sendo o vice-presidente da associação
de estudantes, podem vir ter comigo sempre que tiverem perguntas. Tentarei esclarecer
as vossas dúvidas o máximo que conseguir. – a sua expressão dizia tudo menos
isso, como se ele estivesse a ler um discurso já previamente escrito mas não o
quisesse fazer. – Ora bem, esta será a vossa sala de convívio. Os alunos dos
outros anos podem vir aqui, porém eles não podem passar destas portas. Atrás de
mim vêem quatro corredores distintos. Os do lado esquerdo são para rapazes, e
os do lado direito são para as raparigas. Os quartos já estão prontos, só têm
que escolher. No mesmo quarto podem ficar de 3 a 4 pessoas e devo avisar que os
rapazes não se podem aproximar dos quartos das raparigas. - disse ele,
começando a rir-se um pouco daquilo que disse. - Não se esqueçam de escolher
uma palavra passe que só vocês conhecem, pois poderá dar-vos alguma
privacidade. Depois de escolher o quarto, as vossas malas apareceram e poderão
desfaze-las. Os horários estão afixados no quadro de notificações, como podem
ver.
Sem sequer esperam pelas perguntas, saiu meio, a correr, como se a sala lhe
trouxesse más recordações, deixando uma algazarra para traz.
Olhando a volta, Alice sentiu a mão da Jane a agarra-la e a puxar para
sabe-se-la onde. Nada surpreendida, Alice segue-a sem ripostar já que já era de
esperar que a Jane a puxasse para todos os lados.
- Vamos então procurar a terceira parceira! – exclamou ela pouco
entusiasmada.
- Que tal a Irene? Pareceu simpática.
Antes que ouvisse um sim ou não, Jane puxou-a em direcção ao centro da
sala, agora com um olhar mais espectativo.
Não foi difícil encontra-la. Irene encontrava-se sozinha a olhar para os
outros, pouco a vontade devido aos olhares desconfiados que os outros lhe
estavam a lançar. O seu aspecto não era propriamente bem-vindo naqueles lados,
especialmente os seus olhos negros que cintilavam cada vez que a luz batia
neles.
- Irene! – gritou Jane sem sequer se importar com nada.
A voz
dela sobressaltou a todos, especialmente a Irene que não sabia o que se
passava, tentando encontrar o sitio de onde veio a voz. Todas as raparigas, que
estavam a sua volta, afastaram-se do grupo rapidamente, como se temessem ficar
infestadas com algo.
- O… o que foi?
-Bem… - começou Jane com um enorme sorriso na cara, sem sequer tentar
esconder o entusiasmo. - Queres ficar connosco no quarto. Necessitamos de mais
uma rapariga e pensamos que serias a melhor escolha, já que viajamos juntas.
-Convosco? A serio? Vocês não se importam? – perguntou ela, um pouco
insegura, dando uma olhadela as raparigas a sua volta que ficaram surpreendidas
pelo convida da outra.
Surpreendidas, Alice e Jane entreolharam se, começando a rir logo a seguir,
espantando ainda mais o resto das pessoas.
- Achas que te iríamos convidar se nos importássemos? – interrogou-a Jane
já mais controlada. – Esquece isso.
- Isso mesmo. – Alice pegou na mão da Irene e começou a puxa-la – Vamos mas
é procurar um quarto ou ficamos com o pior.
Pegando na mão das duas raparigas,
Jane arrastou-as, literalmente, para o primeiro corredor, sem sequer pensar
duas vezes. Naquela altura, encontrar um quarto foi bem mais rápido do que foi
com o do dirigível, visto que a maioria dos alunos ainda estava a decidir com
quem ia ficar, apesar de alguns já terem feito os seus grupinhos antes de
sequer chegarem a escola.
O quarto que escolheram entontrava-se ao fundo do corredor, que se estendia
pelo espaço com as suas enormes paredes cinzentas sem nenhum tipo de
acessórios, nem sequer plantas ou janelas. Ao entrarem para o quarto foram
surpreendidas pela sua grandeza. As três camas dispunham-se num meio circulo
pouco apertado, ficando com imenso espaço entre cada cama. Estas eram para duas
pessoas, feitas de madeira escura e com lençóis vermelhos, quase bordou, de um
material que parecia ser cetim, tendo uma forma circular bastante apelativa e
invulgar. O bege escuro predominava nas paredes do quarto e no meio deste, uma
mesa redonda de vidro era rodeada por três cadeiras de madeira, da mesma cor
que as mesas. Aos lados da cama duas mesas de cabeceira seguravam lâmpadas
pequenas bege, enquanto que ao lado da porta um roupeiro grande impunha
respeito com as suas três divisões para cada uma delas.
Não demorando muito, cada uma escolheu a sua cama, sendo a do meio da
Alice, que se deitou nela sem demoras, já que estava mais perto da janela
circular do quarto, enquanto que a Jane ocupou a cama do lado esquerdo e a
Irene do lado direito.
As horas passavam rapidamente enquanto as raparigas discutiam tudo o que
lhes apetecia, apresentando-se mais uma vez e dando informações um pouco mais
especificas sobre si mesmas. Foi quando o relógio anunciou a chegada das duas
horas que por fim foram dormir, exaustas, tentando dormir na esperança de terem
sonhos cor de rosa.
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