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7.07.2013

Magia de Alice: Inicio da Jornada 13-1

  Enfiada no meio dos cobertores claros, formando um pequeno balão, Alice tentava conter as lágrimas que nunca mais paravam, aumentando de intensidade cava vez que pensava no que tinha sucedido na aula. Estas escorriam como um rio perdido sem desaguo, pela sua face pálida, detendo-se levemente nos lábios rosados, caindo suavemente por entre o ar quando já não havia por onde escorrer. Com a cabeça a andar a roda de tanto pensar, só lhe apetecia adormecer para esquecer aquilo, nem que seja por uns instantes. Porém, o sono não vinha e as lágrimas recusavam ceder perante as suas tentativas de as controlar, rolando livres como o vento selvagem.
Segundos transformavam-se em minutos até que ela, com um suspiro ruidoso, levantou-se apressadamente da cama e, abrindo a pequena janela, se sentou no parapeito dessa, sentindo o vento fresco da tarde a acariciar-lhe as bochechas, enquanto reflectia já mais uma vez naquilo que aconteceu recentemente. Honestamente, parecia que a única coisas que fazia nos últimos dias era chorar, e tudo por causa do William. É claro que haviam melhores dias em que ela se riu com os seus novos amigos e descobriu coisas interessantes sobre as flores dela, mas a sensação de estar só e triste nunca a deixava. Com um suspiro longo e profundo, olhou para os campos a reflectir.
Era complicado entender como é que uma rapariga como ela acabou por entrar numa escola que parecia-se mais com um palácio ou um castelo do que uma escola normal. Mas, havia algo que lhe atraia nesse lugar. Era lhe tão familiar e acolhedor que ela não conseguia não sentir-se como em casa, parecendo que já cá tinha esta no passado. Não, não era só isso. Era como se ela tivesse vivido cá, há muito, muito tempo atrás, em que as paredes ainda não eram tão escuras e o jardim era mais selvagem e verdejante . Suspirando perante pensamentos estranhos e certamente errados, já que era impossível ela ter cá vivido, ela começou em pensar na desculpa que teria de dizer a todos, visto que não seria nada fácil explicar-lhes o que tinha acontecido entre ela e o William na sala, sem ser necessário dizer a verdade. Ao pensar no seu nome as lágrimas voltaram, rebeldes como anteriormente, obrigando-a a curvar-se numa bola para esconder soluços irritantes. Ela já não entendia nada daquilo e sentia que as coisas só ficariam cada vez mais confusas. Não entendia as acções do William, não conseguia dormir bem uma só noite sem ter aqueles pesadelos estranhos, não sabia o que realmente queria fazer com a sua vida. “Devia era ter ficado em casa...” Surpreendida por ainda não ter pensado nisso, Alice saiu da posição de bola, sentindo os raios de sol da tarde a aquecerem-lhe a cara e a secarem as lágrimas que pararam de correr. Deliberando ainda mais um pouco em tudo, acabou por pensar na coisa que lhe fazia mais sentido. Este não era o seu mundo, era dos outros. Era de pessoas que entendiam tudo sobre magia e viviam nela todos os dias. O seu tinha ficado para trás, com os seus pais e o seu irmão, e a única coisa que lhe sobrava era voltar para onde pertencia.
-É isso! Amanha pergunto se não posso voltar! – exclamou suspirando levemente ao baixar a cabeça. – Mas, a resposta deve ser “Não”, não é?  A Miranda de certeza que vai começar por dizer várias coisas para me manter cá. Mas… Eu não quero estar cá…
Lamentando-se, ficou parada durante uns segundo, até as lágrimas secarem enquanto olhava para o quadro que aparecia se vislumbrava fora da janela. Os raios quentes e vibrantes criavam desenhos ao embater nos vidros de azulejo da pequena capela, todas a criarem cores diferentes, mas mesmo assim serenos e românticos, dando a aquele pequeno relvado uma impressão de paz e sossego a quem lá estivesse. Encantada, Alice ficou a olhar para na direcção da capela durante uns instantes até que percebeu de que alguém a olhava. Os olhos do rapaz fixados nela pareciam preocupados e queridos ao mesmo tempo. Surpreendida por alguém estar lá, Alice escorregou e caiu no chão com um ligeiro bam. Levantando-se embaraçada, ela olhou para fora da janela mais uma vez para ver quem é que era, mas já não havia lá ninguém. Indignada e preocupada, Alice dirigiu-se até a porta para ir lá abaixo, mas parou logo que ouviu passos do outro lado, correndo que nem maluca para a sua cama onde se escondeu mais uma vez no meio dos cobertores, fingindo ter adormecido. É claro que ela sabia quem ia entrar no quarto, mas na verdade, ela não queria falar com ninguém naquele momento, nem mesmo com as suas novas amigas.
Porém, elas não chegaram a entrar, chamadas para as aulas pelo toque ultimo toque do dia, deixando a rapariga ruiva sozinha em paz para organizar os seus pensamentos confusos. O problema não era o William desta vez, mas sim os seus novos amigos. Pela primeira vez, alguém a não ser os seus pais e irmão preocupavam-se verdadeiramente com ela, ao ponto de a vir visitar, ou pelo menos tentar, durante o intervalo. Eles eram diferentes do William, que só a sabia irritar, e ela não os queria deixar. A decisão de deixar a escola parecia desvanecer-se a medida que esse pensamento se infiltrava por entre a mente,ficando apenas uma pequena duvida no fundo do seu coração. Não entendendo mais nada, e ficando sem paciência para entender, Alice enterrou-se ainda mais nos cobertores.
- Mãe... Como é que quero que estejas cá. Sempre sabes o que dizer! – sussurrou por entre os lençóis, deixando mais algumas lágrimas escorrer, adormecendo logo de tanto chorar.
           Abrindo os olhos repentinamente, Alice olhou a sua volta alarmada, tentando ver por entre a escuridão, com o coração a martelar fortemente no peito e suor do medo a escorrer pelo pescoço nervoso e exposto, incapaz de pensar com clareza. “Esta tudo bem…” sussurrou, fechando os olhos com as palmas tremulas das mãos, tentando esquecer tudo o que sonhou. “Foi tudo um sonho, só um sonho…” Repetia sem sezar, como um encantamento, rezando que isso a acalma-se. Levantando-se lentamente da cama, não conseguia parar de pensar naquele pesadelo que a assombrava já quem sabe a quantos dias. Imagens assustadoras passavam na sua cabeça, sem parar, ignorando a sua tentativa de as esquecer. Corredores longos, ervas velhas e secas, caminho irregular e sujo… mas o pior era a sensação de algo a estava a perseguir. Relembrando a figura alta no meio da escuridão que tinha visto, Alice fechou os abriu os olhos fechados, dirigindo-se logo para a casa de banho de modo a lavar a cara, esperando milagres da agua fria. Talvez isso a acorda-se para a realidade. Assim que acabou, vestiu as suas roupas e saiu do quarto, esperando não acordar as suas amigas para não lhes dar uma oportunidade de perguntar o que quer que seja. Ainda não estava preparada para responder.
            Passeando pelos corredores gigantes, Alice ainda não conseguia parar de se maravilhar com a exuberância que aquele lugar tinha, apesar da falta de movimento que lhe dava um ar assustador e um pouco misterioso, parecendo-se com uma casa abandonada. Ao chegar a saída para o jardim, Alice não se conteve, saindo para apanhar um pouco da brisa fresca e gentil da manha, que lhe refrescava os pensamentos. Sentando-se num banco bem no coração do paraíso verde, ela olhou a sua volta reparando que as flores eram diferentes. Estas pareciam-se um pouco com rosa, com as suas pétalas exuberantes e encantadoras, mas a cor nunca era a mesma, mudando de segundo em segundo seguido as cores do arco-íris. Num momento era azul e, com um piscar de olhos inocente, já era vermelha. “Magia…” pensou sorrindo um pouco, não tirando os olhos daquelas flores exóticas, interrogando-se vezes e vezes sem conta porque ela estava nessa escola. Porque ainda não tinha voltado para casa? As questões não a paravam de avassalar até que um único pensamento se fixou. E porque não sair dessa escola? Já que tudo estava a correr mal, não haveria problema se ela quisesse sair. Talvez convencer a Miranda seria um problema, mas com lágrimas talvez ela cedesse.
Tomada a decisão, Alice rapidamente correu na direcção da sala dos professores, esperando encontrar a Miranda lá. Ao passar pelos corredores reparou no numero de alunos que já estavam de pé, na sua maioria com uniformes vermelhos e amarelos, combinando em sintonia como se fizessem parte do mesmo quadro. Sorrindo sem se controlar, Alice bateu com força contra alguém, caindo no chão rapidamente, não batendo com a cabeça contra o chão duro por pouco.
- Alice? – perguntou uma voz extremamente familiar.
Levantando os olhos, Alice viu os seus novos amigos Jane, Irene e Jake, o ultimo espalmando no chão tal como ela, que a olhavam surpreendidos e aliviados.
- Mas para onde é que tu desapareceste esta manha? Andamos a tua procura por toda a parte! – exclamou uma Jane muito irritada com as mãos na cintura e a expressão de mãe zangada.
Ainda um pouco atordoada, Alice olhava-os sem se mexer, não entendendo como é que ela, de entre todas as pessoas na escola, acabou por chocar com eles.
- ALICE! – gritou Jane, assustando a pobre ruiva que até deu um salto no lugar. – Acordas ou eu vou bater-te?
- Ah... Desculpa. – Alice riu-se um pouco abanando a cabeça, levantando-se de um salto  com a ajuda do Jake que lhe estendeu a mão. – Eu... estive no jardim um pouco. Levantei-me cedo e não vos querendo acordar, fui dar um volta.
- Da próxima vez que desapareceres, deixa um bilhete, esta bem? – declarou Irene com um sorriso simpático, ainda um pouco preocupada com o estado emocional da nova amiga.
- Está bem.
- Mas o que estavas a fazer lá? Podias ter ido para o bar…
            Jake olhava-a muito preocupado, lembrando-se do estado em que esta tinha estado no dia anterior.
- Não havia necessidade e tenho que admitir que precisava de pensar.
- Em que? – perguntou Jane intrigada.
- Em muita coisa. Estava uma manha linda e as flores ainda mais. Pareciam-se muito rosas, mas a sua cor variava demasiado.
- Ah... Essas. – Jake suspirou irritado, olhando-a ainda mais preocupado. – Normalmente conhecidas por "Acómito", são um pouco perigosas. Fazem com que as pessoas tomem as decisões erradas e precipitadas. Decides algo e pode acontecer que é a pior da tua vida. As vezes são utilizadas para torturas.
Olhando para o jardim de longe, suspirou a entender a razão pela qual tinha tomado aquela decisão tão precipitadamente. Afinal de contas, essa não era a solução.
- O que eu não entendo, é como sabes tanto sobre as flores? – perguntou Irene surpreendida, recebendo um olhar irritando da Jane.
- Oh, não são só flores, mas também todos os tipos de ervas.., O nosso avô deixava-lhe um montão de livros a cerca desse tema… Não consigo entender é como ele conseguia ler isso.
- Era interessante, ao contrario dos teus livros de história sobre magia.
- Pelo menos esses servem para algo! – gritou Jane, pondo-se de frente ao pé do seu irmão.
- E esses não servem?
- NÃO!
- Tu...
- Parem. – gritou Alice, olhando-os severamente. – Se vocês não se apressarem, vamos chegar atrasados.
- Umm.. pois, desculpa. – pediu Jake, baixando a cabeça um pouco, como se fosse um cãozinho.
- Sim. Desculpa. – pediu a Jane também, baixando a cabeça da mesma maneira que o irmão.
Entreolhado-se, Alice e Irene começaram a rir dos dois irmão, pois estes eram muito mais semelhantes do que tentava parecer. Confusos, os dois irmãos sorriram também, reiniciando a sua marcha para a sala de aula. “E pensar que eu queria sair da escola? Essa foi a decisão mais estúpida que poderia ter tomado. Não vou sair desta escola por nada deste mundo.” Pensou Alice, com um sorriso na cara.

3.15.2013

Votações

 Olá, olá... eu sei que tínhamos prometido estar mais ativas, porém a verdade é que a escola e universidade foram implacáveis connosco neste ultimo período e nem mesmo para pensar devidamente no futuro tivemos tempo... Tentaremos estar mais ativas, mas em breve os exames vão chegar e teremos que desaparecer outra vez... -.- Mas prometo que iremos avisar desta vez...

   Pronto, já chega disso... Decidimos por uma sondagem para ver se gostam ou não da nossa história, visto que ninguém parece estar a dizer nada na página das críticas... Digam a vossa opinião e votem, visto que é extremamente importante para nós saber se alguém realmente importa-se com a história. Realmente esta não existiria se vocês não a lessem. XD

  Muito obrigada
 A Dupla

3.10.2013

Magia da Alice: Inicio da Jornada 12


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A aula de magia!
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   No decorrer do resto da aula, muitos alunos, que se afastavam o mais o possível da mesa dela, pareciam ter medo de que, as auras mal humoradas dos dois, os atingissem e lhes fizesse algo de mal ou os transformasse em algo. Até a professora, que até aquele instante estava meio radiante e confiante, estava meio confusa e atordoada pela reação dos dois, olhando de relance para eles que estavam cada vez mais e mais distantes um do outro. Suspirando, ela virou-se para o quadro, continuando a introdução a disciplina, especificando os objetivos e fazendo perguntas de vez em quando aos alunos, só para perceber no final de que a maioria não sabia nada sobre algumas das matérias que eles iriam estudar.
 - Num mundo rodeado por magia, esta disciplina vai ser a vossa única oportunidade de aprenderem a controlar a vossa natureza e defenderam-se contra o poder dos outros. – continuava ela, ainda um pouco deprimida.  – Não importa se vocês são bons nos testes escritos, ou se têm uma boa memoria. Tudo o que importa é o poder e a vossa habilidade de controla-lo. Eu posso ensinar-vos a mover montanhas ou controlar o ar, porém, tudo depende do vosso empenho e vontade de o conseguir.
         Alguns alunos riram-se em surdina enquanto outros olharam-na impressionados, mas para a Alice aquele discurso entrou e saiu a 200km/hora, de modo que, os últimos 30 minutos da aula, pareciam-lhe uma eternidade ou um inferno, que só lhe pertencia. Foi por isso que, logo que a Miranda lhes disse que podiam sair durante o resto da aula, ela levantou-se num salto, dirigindo-se logo para a porta da entrada para a sala, reparando que já vários grupos de alunos foram formados que se dispersavam pelos corredores, cada um com o seu rumo. Uns iam em direção a cafetaria, outros a dirigir-se para o dormitório, e outros a explorar a escola, sempre a conversar acerca da aula e da professora que eles declararam ser bastante diferente do que aparenta ser. A Jane, por outro lado, agarrando no braço da Alice, arrastou-a para o jardim de entrada, cujas flores, que eram brancas e prateadas no dia anterior, tinham adquirido tons avermelhados e arroxeados, transmitindo um cheiro exótico e doce, que parecia ser de mel ou de jasmim ou de outro qualquer, sendo difícil a sua definição,  deixando-as um pouco atordoadas.
         Sentando-se num banco de mármore branco, Alice levantou os olhos para o céu azul, contemplando-o ligeiramente, enquanto deixava que as energias negativas que a tinham assolado na aula se libertassem em silencio. Porém a sua paz foi interrompida quando Jake tapou o céu com a sua cara, apoiando os cotovelos no parapeito do banco, olhando-a nos olhos com atenção.
 - O que foi aquilo entre ti e o Cold? – perguntou Jake, um pouco preocupado mas ao mesmo tempo irritado com o acontecido na sala.
 - Não foi nada! – respondeu esta com um encolher de ombros, decidida a não lhes contar nada, desviando seu olhar para o céu que não se conseguia ver atrás da cabeça do Jake.
 - Não mintas! Todos vimos que se conhecem e, honestamente, que se odeiam mutuamente. - declarou Jane, chegando-se mais a ela e agarrando o braço dela.
- Quem quer saber daquele “bloco de gelo”? - perguntou ela, fechando os olhos por uns segundos, abrindo-os logo a seguir enquanto levantava a cabeça e contemplava o jardim - Sim, conheço-o e sim, odeio-o. Parece que a única coisa que ele sabe fazer é como irritar-me!
- Conheces-o? São família ou coisa parecida? – interrogou Jake intrigado, com alguma esperança no coração.
- Mas é claro que não somos parentes! – levantando-se repentinamente, Alice cruzou os braços no peito e expirou de forma profunda, sentando-se mais uma vez e continuando a falar com uma voz mais controlada – Somos vizinhos, quer dizer, éramos… Esquece...  Cresci com ele e não nos damos lá muito bem… - declarou ela com má voz, o que fez com que um sorriso na cara dele aparecesse.
 - Ah…. Isso explica muita coisa… - declarou Irene baixinho, olhando de relance para a Jane que se tinha levantado irritada.
 - Explica o que? – o seu humor parecia ser tão imprevisível como as condições atmosféricas de Londres, ora esta chuva, ora está sol.
- Calma. – O sorriso da Irene pareceu ter esse efeito nela, que baixou os braços mais relaxada. – É que sempre que a Alice olha-o, esta tão irritada e zangada… Como se não quisesse nunca mais vê-lo.
- E não quero! - a ultima parte foi pronunciada em surdina, como se nem sequer tivesse sido pronunciada, enquanto olhava para um grupo de raparigas que estavam a dançar a volta dos arbustos do jardim. - O que é que elas estão a fazer? - perguntou ela depois de vê-las a descalçar e a correr pela relva, a saltar e a rodopiar no ar.
- Quem? - perguntou Jake, focando a sua atenção no grupo de raparigas também. - Ah... Aquelas? Nada de especial, só um feitiço inofensivo  - declarou ele, sentando-se ao lado da Alice enquanto a Jane estava ao pé de um dos arbustos, a cheirar as flores. Depois de reparar nela, Jake começou a rir-se. - Bem... Admira-me que os professores não tivessem avisado os alunos disso. 
- Avisado sobre o que? - perguntou Irene, um pouco interessada com o comportamento da Jane, que também começou a dançar como as outras raparigas.
   - Sobre as flores! Estas flores têm um aroma que atraem as pessoas a cheira-las e hipnotiza-as. Mas não fazem mais nada. O efeito passa depois de uns minutos. Os do primeiro ano sempre caem nesse truque, por isso é que os do segundo ano não apareceram cá hoje. - declarou ele, controlando o riso que queria soltar-se da boca dele.
   - Porque é que não disseste nada antes? - perguntou Alice, levantando-se do seu lugar e indo ter com a Jane de modo a parar os seus rodopios perigosos.
   - Porque pensei que teria mais piada assim. Se os professores não disseram nada é porque tinham uma razão para isso. Ainda bem que eu estudei um pouco de herbologia. - disse ele sorrindo.
   - Sabes que depois estas tramado logo que ela sair desse estado. - declarou Irene, não demonstrando qualquer preocupação com o caso.
   - Nem por isso. Ela sabia dos efeitos e antes de chegarmos cá ela disse que ia experimentar as flores em si mesma, por isso eu não estou nada preocupado. - disse ele, tirando uma barra de chocolate do casaco, começando a trinca-la logo a seguir.
   Começando a rir, Alice cheirou as flores misteriosas e caiu logo num transe, começando a dançar e a rodopiar também. Não conseguia deixar de pensar que era assim que as flores de jasmim deviam cheirar, mesmo sabendo que não estava no seu prefeito juizo. Vendo as figuras que estas faziam, as únicas pessoas sás que restavam agarraram nelas, tentando impedi-las de fazerem mais figuras tristes, quase sem conseguirem respirar de tanto rir, esperando pacientemente que o efeito da hipnose passe. Meio envergonhadas pelo acontecimento, Alice e Jane, não dando oportunidade aos outros de referir aquele episódio, levaram a conversa a dar outro rumo, conversando e rindo de bom grado ao ver outras pessoas cair na armadilha das flores. 

   O resto do tempo do seu intervalo prolongado demorou menos tempo do que eles esperaram. Reparando nas horas quando uma rapariga de cabelo castanho curto corria a sua volta hipnotizada, Jake levantou-se arrastando-os a todos para a entrada, com medo de chegar mais uma vez atrasado. Porém não era só ele. Os outros também estavam conscientes que os castigos da professora Wood não deviam ser nada agradáveis, só de a ver olhar para todos com aquele sorriso maligno, já a imaginar os castigos que os esperavam. Chegando a sala e reparando no facto de o William e o seu bando ainda não ter entrado, é que eles decidiram entrar e sentar-se nos seus lugares , onde continuaram a sua conversa animada sobre as flores que iriam encontrar dali em diante naquele jardim ou em outro sitio qualquer. Mas essa conversa não demorou muito tempo. Logo que o William entrou na sala, o humor da Alice mudou drasticamente, apesar de continuar calma e relaxada, mas consciente da sua presença.
   - Oh... vejo que todos já estão cá. Pensei que teria de marcar faltas a alguém por chegar tarde! - declarou Miranda que apareceu de traz do quadro com o seu livro de ponto na mão, fazendo a Alice voltar-se para a frente. - Então vamos continuar com a nossa aula. Pelo que eu reparei, muito dos alunos foram enfeitiçados pelas flores do jardim. O nome dessas flores é Encantum Glie, elas acalmam o ser de uma pessoa e hipnotiza-as de modo a que vocês comecem a dançar e a saltar como umas crianças do infantário. Muitos de vocês caíram no erro de as cheirar e outros, para o meu espanto, simplesmente resolveram experimentar. - declarou ela, olhando para a Alice e a Jane, que lhe sorriram logo. - O diretor da escola disse para não vos dizer nada sobre as flores para vocês verificarem por vos próprios o quão perigoso ou não uma simples flor pode ser. - declarou ela, levantando-se e pegando num saco ao sair de traz da sua mesa.
   Todos os presentes, logo que repararam no saco preto-esverdeado na mão dela, começaram a sussurrar e a ficar excitados, mas a Alice era única que não entendia nada.
   - Vejo que a maioria de vocês sabe o que este saco contem. - declarou Miranda, olhando feliz para a turma. - Bem, alguém me pode dizer o que é? - perguntou ela, baloiçando o saco mais alto para que todos o vissem. Logo a seguir a maior parte da turma levantou a mão esperando ser chamado, com um grande sorriso na cara. - Sim. Tu, de óculos  - disse ela, apontando para uma rapariga com tranças.
   - É o saco que contem as pedras de poder. Cada ano, os alunos descobrem qual é o seu poder principal com ajuda desse saco. - disse a rapariga um pouco a vontade com os olhos todos postos nela.
   - Isso mesmo. - declarou ela, com um sorriso na cara. - Este saquinho pequeno vai vos ajudar com a descoberta do vosso poder predominante, ou seja, que vocês podem controlar sem problemas ao contrario de outras pessoas. - disse ela com um sorriso.
   - E qual é seu? - perguntou um dos rapazes que estava sentado o mais afastado.
   - Isso vão descobrir por vocês mesmos. Agora, antes de iniciarmos o  processo de escolha da pedra, eu vou vos contar um bocadinho sobre a magia. - disse ela, chegando-se a mesa do William e Alice, batendo-o na cabeça. - A minha aula é para ouvir e não dormir, menino Cold.
   - Au - lamentou-se esse, levantando a cabeça que tinha baixa desde que entrou e se sentou, provocando alguns sussurros e um sorriso na cara da Alice que dizia "bem feito".
   - Bem... Como todos vocês sabem, cada um dos magos, tem uma cor ou aura especifica que ele possui, que pode repetir-se mas, a sua essência e dimensão sempre difere, já que não há duas pessoas com o mesmo poder. Essa ajuda aos outros magos em identificar a pessoa que esta a sua frente, se é verdadeira ou mera ilusão. E é nisso que eu vou vos ajudar. Vou vos treinar, para vocês entenderem e descobrirem a aura dos outros, em a esconderem e em a identificarem mesmo no escuro ou de olhos fechados. Essa aura, ajuda a nós, vossos professores, em descobrir qual é o vosso poder principal para vos ajudar no seu desenvolvimento, já que numa fase inicial o seu controlo é complicado. - disse ela, dirigindo-se para a frente da sala, virando-se logo a seguir. - Bem, agora vamos prosseguir com o exercício. 
   Disse ela dirigindo-se ao aluno de frente e abrindo o saco.
   - Podes tirar uma. - declarou ela, sorrindo para o rapaz.
   Esse, com as maus um pouco tremulas, meteu a mão dentro do saco, retirando-a logo a seguir, deixando a Alice bastante espantada, já que ela estava a espera de uma pedra do tamanho de uma noz e em vez disso ela viu uma pedra do tamanho da mão desse. Essa tinha uma forma retangular, bem definido, com uma cor de um roxo-purpura, o que a fazia parecer muito exótica e elegante.
   Sorrindo, Miranda aproximou-se do rapaz, olhando fixamente para a pedra.
   - Parabéns meu querido. Tu tens o poder de levitação. É um poder bastante raro, não muitos de feiticeiros têm esse poder. - declarou ela, fazendo o rapaz sorrir de orelha a orelha, orgulhoso de possuir um poder desses. - Bem, vamos prosseguir  - disse ela, ficando mais seria, dirigindo-se para a rapariga ao lado dele.
   Enquanto ela prosseguia, os alunos descobriam os seus poderes. Alguns eram espetaculares como controlar a gravidade, controlar o tempo, etc. , e outros eram estúpidos o suficiente para os outros começarem a olhar-los de lado e rirem-se, como poder de fazer o arco-íris ou mesmo de fazer aparecer um terceiro olho em qualquer parte do seu corpo, o que criou bastantes sussurro entre os alunos que tiraram umas pedras mais especiais. Mas, cada vez que um aluno com um poder desses aparecia, Miranda assegurava-os que eles poderiam vir a usar esse poder em outras pessoas,o que os fez calar de vez.
   Ao chegar a mesa da Alice e do William, Alice logo ficou rígida no seu canto da mesa, preocupada, mas mesmo assim ansiosa por descobrir o poder.
   - Bem, agora é a vossa vez. - declarou ela, abrindo o saco a frente do William. - Podes tirar.
   Irritado com o que antes tinha acontecido, William virou-se para ela, metendo a mão rapidamente no saco e retirando-a logo a seguir segurando uma pedra em forma de um losango, de um tom azul claro, como o céu, exibindo um brilho misterioso mas exuberante.
  - Perfeito. Era mesmo isso que eu estava a espera de ti. - disse ela, quase saltando no lugar como uma rapariga que acabou de receber um rebuçado. Ainda com o sorriso na cara, ela afastou-se dele, dizendo - tens o poder de controlar a água, isto é, o seu estado, quantidade e outras características.
   Acalmando um pouco, Miranda saiu de ao pé de William e dirigiu-se a outra ponta, onde Alice encolheu-se ainda mais.
   - Tua vez,  minha querida! - declarou ela, lançando-lhe um sorriso.
   Apesar de ter visto outros a fazê-lo, Alice ainda não entendia como é que pedras de tamanho de uma mão poderia caber num saquinho pequenino onde era possível caberem pelo menos 2 pedras desse tamanho, e não 10 ou 15. Engolindo um seco, ela enfiou a mão no saco, sentindo logo algo no fundo desse. Hesitando, Alice percorreu o resto do saco para ver se havia lá mais alguma coisa, mas nada. Só havia lá um pedra, a sua.
  Orgulhosa, ela retirou a mão ficando espantada logo a seguir. Na sua mão, delicadamente e calmamente, repousava uma pedra oval, com as suas cores verde e amarelo a formarem uma perfeita gradação.
   - Bonita. - exclamou Miranda, fazendo-a voltar a terra. - Nunca tinha visto nada assim. Na maioria das pedras as cores estão sempre separadas umas das outras. Mas no teu caso eu não verifico nada disso. É espetacular. - exclamou ela, aproximando-se mais para ver a pedra de perto. Ao tentar examinar a pedra com mais atenção, umas rugas começaram a aparecer na testa grande dela, ficando cada vez maiores e maiores.
   Começando a ficar preocupada com a demora, Alice começou a olhar outravez para a pedra, ficando surpreendida por reparar num ponto que se distinguia um bocadinho do resto da pedra, mas que entrava completamente no tom amarelado do meio desta. Interessada cada vez mais com a cor, ela começou por aproximar a pedra mais de si, até que uma onda de água, que a cobriu por completo, a desconcentrou, fazendo-a baixar a cabeça.
   - Oh... Então é assim que funciona! - declarou William, olhando para a sua pedra todo orgulhoso, e com uma mão atrás da cabeça. - Desculpa, Wandom, não foi de propósito  - disse ele com um sorriso na cara que dizia o contrario.
   Levantando-se logo, Alice virou-se para ele, com a sua cabeça baixa, irritada até ao máximo. Não conseguindo conter-se mais, lágrimas começaram a escorrer pela face, fazendo-o parar de rir e em vez disso olha-la espantado. Levantando a mão para ir limpar-lhe as lágrimas  William lembrou-se de que o resto da turma estava a olhar aquela cena, então conteve-se e baixou a mão, crispando-a num punho de tão irritado consigo que ele estava.
   - Que... pensaste mesmo que te safavas com aquilo que disseste de a bocadinho? - inquiriu ele, crispando ainda mais o punho. - "Relaxa. é assim que deve ser. é para o bem dela." - pensou ele, não conseguindo controlar a irritação que ele pensava que ia explodir a qualquer momento.
   - William, para...- declarou Miranda, começando a dirigir-se até ele, mas parou a meio do caminho, logo que um relâmpago atingiu a mesa ao pé da sua mão em que ele tinha a pedra.
   Outros relâmpagos começaram a aparecer a volta deles e alguns atingiam pontos da sala que estavam mais perto dele.
   Levantando a cabeça por fim, William reparou nos olhos da Alice que não deixavam nenhuma duvida nas palavras que ela proferiu a seguir.
   - Mais uma vez... Fazes algo deste ou outro género .. Ou mesmo em palavras... - dizia ela, tentando controlar as lágrimas, que sem a sua permissão estavam a escorrer pelas faces rosadas dela, - atinjo-te com um deste e nem... me vou preocupar com o teu estado. - declarou, com os olhos cheios de dor e fúria e mais frios do que gelo, mas com o brilho das lágrimas a escorrer. Baixando a cabeça, Alice virou-se para Miranda, parando com os relâmpagos e largando um pouco a pedra que ela estava a segurar com o máximo de força possível  deixando as marcas do contorno da pedra na palma. - Posso sair? - perguntou ela, com os soluços a rasparem a garganta.
 Não sabendo o que fazer, Miranda deu-lhe a permissão de sair, dizendo papar ela se dirigir para o seu quarto. Logo que obteve a permissão, Alice saiu a correr para a porta, desaparecendo logo a seguir. 
   - Alice, espera... - gritou Jane levantando-se do seu lugar para correr atrás dela.
   - Menina Wilstone, sentada. - declarou Miranda, ao ver que a rapariga começou a correr também.
   - Mas... 
   - Nada de "mas". Já para o seu lugar. Você é a próxima. E - disse ela, aproximando-se mais da Jane e falando e voz baixa - Acho que ela preferiria ficar sozinha por agora.          Depois poderá falar com ela. - disse com um sorriso terno no seu rosto.
   Assentindo com a cabeça, Jane dirigiu-se para o seu lugar mas com a cabeça baixa e preocupada por Alice. Miranda, seguindo a rapariga até ao seu assento, olhou de relance para o William que estava sentado no seu lugar, sem se mexer e com a cabeça baixa, mas com ambas as mão escondidas já que estava a crispa-las em punhos, de tal modo as as unhas começaram a deixar marcas.
   Suspirando, Miranda prosseguiu com a sua aula, olhando as vezes de relance para o rapaz que não se mexia nem um centímetro, o que lhe deixava preocupada.
   Quando a aula por fim acabou, Miranda dispensou logo a todos, de ao pé da porta, dizendo uns adeus a alguns de alunos. Porém quando passou pelo William, que ainda não se tinha mexido, olhou-o gentilmente e sussurrou algo que o fez levantar a cabeça ansioso, vendo-a afastar-se e entrar dentro do seu gabinete, desaparecendo por de traz do quadro. Baixando a cabeça e dando uma olhadela para a cadeira de lado onde Alice tinha estado sentada, deixou uma lágrima escorrer lentamente pela face, levantando-se e limpando-a ao pronunciar.

   - Espero bem que sim...