Translate

2.03.2013

Magia Da Alice: Inicio da Jornada 11-2





    Depois de vestirem o uniformes  novinhos  em folha, as três saíram do quarto na direção da cantina. Ao passar pelos corredores altos e largos, elas não conseguiam parar de se espantar com a extravagancia e esplendor escondidos em cada recanto, que ia deste os tapetes de veludo até aos quadros mais espantosos.
Encontrar o caminho para a cafetaria não foi tão fácil como elas imaginaram, sendo que tiveram que pedir direções aos colegas mais velhos,  parando de surpresa no momento em que pousaram la os pés.
    Aos olhos da Alice, a cafetaria não se  perecia nada com aquilo a que ela estava habituada na sua escola anterior. Aqui, a cafetaria era um salão enorme com uma bancada longa e cheia de comida de várias espécies e culturas, encostada a parede esquerda, com várias mesas brancas e redondas capazes de aguentar centenas de alunos e convidados de uma só vez, se fosse necessário. O chão, feito de azulejos cinzentos, criava um belo contraste com as mesas e com o tom acastanhado das paredes rasgadas por enormes janelas abertas, dando para o jardim lateral do palácio. Por todo o lado, alunos formavam pequenos e grandes grupos de acordo com o seu status ou disposição.  Os alunos de verde pareciam ser os mais privilegiados, a medida que se sentavam nas mesas perto das janelas, apanhando o sol fresco da manha e a brisa relaxante do vento do fim de verão. Parecia que todos os outros evitavam aqueles lugares, dando passagem a qualquer pessoa que se vestisse de verde, não importa se era alta ou  baixa ou mesmo feia. Numas mesas mais para a esquerda, sentavam-se os azuis, mais uma vez com aquela expressão de arrogância que os outros tinham, apenas baixando a sua cabeça levemente quando se cruzavam com alguém de verde. O resto misturava-se, amarelos com vermelhos, vermelhos com os novatos, como se não houvesse nenhuma diferença entre estes.
    Observando todos os alunos a moverem-se de um lado para outro para chegar a tempo de comer  e  deixando a Jane para trás, que afirmou ter que esperar pelo seu irmão, apesar de ser com uma cara que dizia “mesmo que não o queira!”, Alice em conjunto com a Irene, foram  buscar um tabuleiro, separando-se uma da outra  logo a seguir por causa da multidão. Suspirando ligeiramente,  Alice aproximou-se da bancada mais próxima, pegando nervosamente num crepe e num croissant e uma chávena de chá, afastando-se logo a seguir para não ser derrubada por algum aluno, não conseguindo  deixar de se sentir pouco a vontade naquele ambiente. “Meu deus… isto é duas vezes pior que na minha antiga escola…” Pensou, vagueando pelo salão a procura de um lugar para se sentar, enquanto pensava na ultima vez que tinha ido a um restaurante, pois a comida era digna disso. Requintada e variada, esta duvidava para que haja o menor numero de pessoas insatisfeitas com o pequeno-almoço. Sentindo-se mais uma vez como num conto de fadas ou num mundo desconhecido, Alice respirou fundo. “Acalma-te. Tens que encontrar a Irene e arranjar lugares.”
       Com o passar dos minutos e sem sinal de nenhum dos seus novos amigos, ou pelo menos não do seu ponto de vista, Alice ganhou coragem e penetrou por entre a multidão até encontrar uma mesa vazia do outro lado da sala, com vista privilegiada sobre todos os aspetos desta, escondida sob as sombras da parede castanha. Suspirando de alivio, Alice colocou o seu prato no momento em que deu caras com a Irene, Jane e Jake do lado esquerdo da sala, chamando-os,  os seus olhos se cruzaram com os do Jake, que esboçou logo um sorriso e começou a chamar os outros para onde a Alice estava. Afastando a cadeira para se sentar, Alice tentou vislumbrar os seus amigos por entre a multidão apenas para dar de caras com uma rapariga de caracóis loiros e o seu grupo, que à olhavam com descem. Ao percorrer cada um dos três presentes, um brilho verde chamou a sua atenção e, sem se conseguir controlar, segui-o apenas para ver a cara mal humorada do William, que a olhava com tanta surpresa como ela a ele. Amaldiçoando-se, Alice virou-se para se sentar e esperar pelos seus colegas, tentando ao máximo ignorar a todos os outros, o que não lhe foi possível fazer depois de ouvir alguém falar.  - Este lugar é nosso. – afirmou alguém, dando um passo em frente.
                Desta vez,  Alice reconheceu a voz fina e confiante da rapariga que já tinha visto outrora no dirigível, subindo a cabeça e respondendo com a maior indiferença possível.
 - Não vejo aqui o teu nome escrito. – sentando-se logo a seguir, tentando olhar por entre os espaços que esses criavam, para ver se os outros já estavam perto. A presença do William e do seu grupo irritava-a mais que nunca.
 O silencio instalou-se na mesa à medida que a surpresa e incredibilidade tomavam conta da rapariga loira. Era a primeira vez que alguém lhe falava desse modo, sem sequer tentar esconder os seus pensamentos e ignorando a sua ordem silenciosa, como se esta nem sequer tivesse existido. Ellian, mantendo-se confiante, sorriu e ignorou as palavras da Alice, repetindo:
 - Esse lugar é nosso.
      Irritada ainda mais pela voz fina da miúda, Alice olhou-a com os seus olhos azuis que faiscavam, respondendo com um tom ainda mais sarcástico que antes, tentando esconder o seu desprezo pela outra.
 - O teu nome não está na mesa.
Ao ouvir a sua resposta, a rapariga loira, sempre com a sua pele clara e perfeita, ficou vermelha de raiva. Ela não acreditava que mesmo que alguém não soubesse o seu estatuto naquele sitio a tratasse como se ela fosse igual a todos os outros naquela sala. Serrando os seus punhos, ela chegou-se até Alice com vontade de responder, mas foi interrompida por uma voz doce e confiante, atrás das suas costas.
- Isso mesmo!
Ao voltar-se ela reparou na Jane a emergir por detrás do William e Drake, ambos com a mesma expressão surpreendida que a sua.
     A sorrir, Jane sentou-se do outro lado da Alice, seguida pelo resto do grupo que sentava-se nos lugares livres, Irene do lado direito e Jake mesmo a sua frente, iniciando uma conversa animadora, sem sequer importar-se com a existência dos outros.
Ellian, que agora tremia de raiva por tal insolência mostrada, não conseguia aguentar aquilo, começando a afastar-se lentamente e com cabeça erguida e com uma vontade gigante de os fazer sofrer o mais cedo possível. Drake, que estava do seu lado direito, aproximou-se dela calmamente e com um sorriso:
 - Deixa estar, princesa. As aulas só começaram. Antes do Natal vão pedir-te perdão de joelhos. – disse ele, mandando uma olhadela atras.
            Um sorriso formou-se nos seus lábios a medida que a ansiedade por esse dia chegar aumentava, já imaginando o que os obrigaria a fazer. Apenas William, que a seguia lentamente um pouco contrariado e de mau humor, é que sabia que tal dia nunca chegaria, mas de olho na Alice que sorria felizmente ao pe do seus novos amigos, o que o fez serrar o seu punho logo uque viu-a a sorrir para o rapaz de frente. Por fim, ignorando tal gesto, William virou-se para frente e continuou a seguir os outros sem sequem dizer uma palavra, enquanto esses falavam de como se deviam vingar dela.
            Enquanto o tempo passava, Alice e os outros comiam calmamente, de olhos postos no relógio para não deixar o tempo voar demasiado depressa, conversando alegremente sobre o que se tinha se passado. Ninguém acreditaria que eles tinham irritado a Princesa sem sofrer consequências, não que algum deles se importasse com isso. De todos os presentes, o Jake parecia ser aquele que estava menos animado, mesmo tendo em conta a irritação da Alice que ainda não tinha passado e que era entendida por todos naquele momento. De um dia para outro, os olhos deste perderam a sua cor e a pele empalideceu bastante, como se a noite tivesse sido um pesadelo em mais do que um aspeto. Por de trás do sorriso escondia-se um segredo e as sombras negras por baixo dos olhos não deixavam margem para duvida.
- Estas bem? – perguntou Alice, começando a ficar preocupada com ele.
Jake, surpreendido por ela dirigir-lhe a palavra, já que a Jane proibia-lhe de falar com ela, olhou-lhe nos olhos com uma visível relutância. Ao fim de uns minutos, depois de entender que ela estava mesmo preocupada, ele respondeu:
- É que não consegui dormir nada ontem. Parecia que estive dentro de um quarto de terror. Sem ofensa Jane, mas eles são mais assustadores que tu, especialmente o William. Olhava-me como se eu fosse tralha ou um ser indesejado.
- E tu és. – disse Jane sem qualquer pausa ou momento para pensar, cortando o seu pedaço de bacon misturados com os ovos.
- Obrigada. – respondeu Jake, ainda mais deprimido com isso.
- Não é nada. – disse Alice, tentando defende-lo, mas depois olhou-o surpreendida
- O que? – perguntou esse com a confusão visível nos seus olhos de avelã.
- Estas no quarto com o William?
- Sim... Foi o que eu disse.
- Mas porque? – perguntou Alice, com o alarme a crescer a cada instante.
- Porque fui estúpido de mais. Pensei que seria boa ideia ficar para o final e ficar com um bom quarto, mas quando descobri que o único que faltava era aquele, fiquei tão mal, que só queria encontrar um buraco.
- Então devias ter-me chamado. Eu ajudava-te! – disse Jane com um sorriso na cara como se quase livrar-se dele.
- Ai... – suspirou Alice, ficando cada vez mais e mais habituada com a maneira como ela trata o Jake. – Então só estas com o William no quarto, certo?
- Achas? O estúpido do Drake também esta lá.
- Ele é assim tão mau? – perguntou Alice, um pouco confusa. É verdade que ele parecia perigoso, mas ela não acreditava que ele poderia fazer alguém sofrer.
- É do pior. Ficar no quarto com esses dois esquisitoides foi a pior escolha da minha vida, apesar de não ter opção.
- Esquesitoides? – perguntou Irene, fazendo com que todos se virassem para a fitar, já que ela não falou durante todo o pequeno almoço. Surpreendida, ela olhou para toda a gente de olhos bem grandes – O que foi? – perguntou ela indignada.
- Nada. – responderam os três ao mesmo tempo, retomando a conversa.
- Sim. São esquisitos. Ontem a noite esses dois ficaram a falar até por ai as 3 da manhã sobre algo ou alguém..
A menção de “alguém” fez o coração da Alice palpitar, mas quando o Jake disse que não se lembrava de quem se tratava, ela acalmou, com a esperança de que eles não descobrissem a sua relação com ele.
- Depois de irem dormir, o Drake ressonava tão alto que parecia um lobo a rosnar de raiva e o Cold parecia estar repleto de poder para das eletrochoque ou coisa assim. Fogo, não dormi quase nada...
- Então não é melhor pedires para mudar? – sugeriu Irene, que estava a devorar o ultimo pedaço do seu pão com alface e atum.
- Bem tentei. Mas a diretora do curso disse que é impossível até que algum aluno queira trocar, mas até agora ninguém quer. – disse ele com um suspiro.
- Bem. Para mim tanto me faz. – disse Jane com um grande sorriso, afirmando no final – Desde que sofras por mim tudo bem.
A Irene, que estava a beber o seu chá, alcançou o ombro do Jake e lhe fez umas palmadinhas no ombro como se quisesse dizer “Tu consegues!”. Ainda a olha-los, Alice devorou o seu restante pedaço de croissant, olhando para o relógio grande que pendia na parede da entrada para o refeitório, ficando com os olhos arregalados.
- Algum de vocês sabe onde é a sala de aula? – perguntou ela ainda com o olhar fixo no relógio.
- Sim. Eu sei já que tive de procurar a professora de curso. Porque?  – respondeu-lhe Jake, um bocado confuso.
- Porque se não corrermos agora, chegamos atrasados. – disse Alice, levantando-se da sua cadeira e apontando para o relógio.
Os três seguiram a sua mão ficando horrorizados com o que viram. Faltavam 5 minutos para as 8. Apressados, os quatro pegaram nos seus tabuleiros e correram até ao balcão deixando-os lá a pressa e correndo rapidamente para a saída.
Até chegarem a sala de aula, eles tiveram que passar com vários corredores, alguns mais longos outros mais curtos, o mais rápido possível que conseguiam de modo a não chegar atrasados. Quando por fim chegaram a sala, os três pararam não muito longe desta ao reparar que a maioria dos alunos ainda estavam do lado de fora. Ao aproximar-se,coisa que ninguém  deu atenção a,visto que estavam simplesmente atentos a aquilo que se estava a passar dentro da sala, onde haviam folhas a esvoaçar por todo o lado, alinhando delicadamente na mesa de frente, e vários livros a irem para cima das mesas, alinhadas em dois grupos, como se esperassem para serem abertas, e vários outros objetos a voarem pela sala a irem para os seus espaços.
- Bom dia, alunos! – declarou alguém, cuja voz provinha detrás de um quadro, transportável. – Vejo que já estão cá todos.
Ao ouvir a voz todos os novos alunos focaram a sua atenção no lugar atrás do quadro. Após uns segundo apareceu lá uma mulher alta de um vestido vermelho justo.
- Miranda? – exclamou Alice, surpreendida pelo que via.
Todos os alunos a sua volta olharam para ela depois de ouvir que ela a conhecia, ficando um pouco mal a vontade com isso. Mas a Alice não era a única surpreendida pelo aparecimento dela. William, que sempre apresentava uma expressão fria e superior, tinha agora o choque da verdade assente na sua cara.
- Tu não eras a secretária do diretor? – perguntou ele sem sequer se importar com o tom que ele usava.
- Eu tive uma oportunidade e a aceitei. Os meus deveres com a secretaria do diretor continuam, mas neste momento sou a tua professora, menino Cold! – disse ela com o tom de voz que nem Alice nem o William ainda tinham ouvido.
Ao olhar para cada um dos alunos, espantados com aquilo que eles acabaram de ouvir, Miranda esboçou um sorriso ao aproximar-se da parte da frente da sua mesa.
- Vejo que todos estão espantados. Eu chamo-me Miranda Woods. Vou ser a vossa professora de Feitiços e Encantamentos. – declarou ela, tirando um livro da mesa e folheando-o até uma certa pagina em que parou, olhando logo para o grupo de alunos, que ainda não estava sentado. – Bem... Vamos decidir então os lugares? – perguntou ela com um sorriso na cara.
- Mas nós não íamos sentar como nos queríamos? – perguntou uma rapariga, um pouco mais alta do que todas as outras, de cabelos castanhos curtos e bem escuros.
- Bem. Isso é o que vocês acreditam. Nas minhas aulas vocês vão estar sentados de acordo com a minha preferência. – declarou ela com o seu sorriso ainda maior e malvado.
-   O que? – todos gritaram ao mesmo tempo, mesmo a Ellian.
- Então vamos começar. Bishop e Hund aqui a minha frente. – apontou ela para uma mesa vazia a sua esquerda. – Clearwatter e Sprout, para aqui – declarou ela apontando para uma mesa a traz da outra.
Assim continuou até chegar a última mesa da fila, sem ela sequer desviar os seus olhos do livro que estava a segurar. Os alunos indignados e insatisfeitos deslocaram-se para os seus lugares com alguma relutância, mas depois de a Miranda lhes mandar um olhar que poderia dizer “Sentam ou morrem!” todos dirigiram-se aos seus lugares sem fazer barulho com a esperança de não calhar com alguém de quem não gostem.
- Agora, a fila de meio. Cold e Wandom, aqui a frente. – declarou ela, apontando outra vez para a mesa na qual os alunos tinham de se sentar. – V.. – começou ela mas foi interrompida por uma voz familiar.
- O que? – gritou Alice com o olhar horrorizado.
O mesmo se passava com o William, que até esse momento estava de braços cruzados, baixando-os logo que disseram-lhe para se sentar ao pé da Alice,olhando para Miranda com olhos grandes e cheios de surpresa. Os dois entre olharam-se, desviando logo o olhar.
- Por favor.. Não me meta ao pé dele! – declarou Alice, quase suplicando.
- Desculpa... Isso é da minha parte. Não me apetece estar sentado com uma pessoa tão estúpida como tu! – acrescentou William, com a voz áspera e fria, deixando a Alice mais irritada do que nunca.
- Desculpa? – gritou Alice, com os cabelos em pé e olhar assassino. – Quem é que quer estar sentado ao pé de um egoísta e sadista como tu.
- O que que disseste? – perguntou ele com os olhos verdes a brilhar de raiva.
- O que ouviste, tralha humana. – gritou ela, virando-se para ele, pronta para qualquer ataque. – Não... Espera... Nem sequer humano és, és tralha desumana! – acrescentou, agora com um sorriso na cara.
- Tu vais pagar por isto! – virou-se William, pronto para a atacar.
- Cold, Wandom. Parem com isso e já para vossos lugares. – gritou Miranda do fundo da sala agora com o seu livro em cima da mesa e de braços cruzados a olhar para os dois com - um olhar zangado. – Oiço mais um piu vindo de vocês, estarão castigados.
- Tenta só. – declarou William, a sorrir.
- E tento. Já para os lugares. – gritou ela no final.
Os dois, ainda sem vontade, dirigiram-se para a mesa de frente, sentando-se nela e afastando-se um do outro o máximo possível. O resto dos alunos olhava-os com espanto, especialmente o grupo dele e da Alice, que já os conheciam e que não entendiam quase nada.
Após uns minutos, Miranda voltou a distribuir os alunos pelos seus sítios. O Jake e a Jane ficaram os dois sentados atrás da Alice, com a desculpa de serem, a Irene e a Ellian ficaram logo atrás, enquanto que o Drake ficou para o final de todos, ficando sozinho na terceira fila, a olhar para todos com um sorriso retorcido na cara.