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6.30.2011

Magia da Alice: Inicio da Jornada parte 3-2

         Alice segui o William para dentro da casa dele, sem prestar atenção a nada até entrar. Com o choque, Alice foi obrigada a parar e por pouco, só com um imenso esforço, é que não abriu a boca de espanto.
          Para dizer a verdade, Alice nunca tinha entrado na casa do William. Sempre que estavam juntos, ou era na casa dela ou no quintal dela ou dele ou num parque qualquer, mas nunca iam a casa dele. Agora que estava lá dentro, desejou nunca lá ter entrado.
         Por poucas palavras, a casa do William era casa de ricos. Foi o que Alice pensou logo que entrou, sem ver mais nada a não ser o corredor. O corredor era longo e extenso, tendo ao fundo umas escadas em caracol que davam para o segundo andar. Estava pintado com uma cor bege, um pouco mais escura que o tom da pele da Alice, e por toda a parte estavam quadros de aspecto antigo e precioso. O chão era de madeira muito escura.. Para alem das pinturas avia uma cómoda que estava situada a esquerda da porta de entrada. Em cima dessa, estavam pousadas várias imagens de uma família, onde se podia ver uma criança, como olhos verdes e cabelo loiro, muito bem vestido e ao pé de uma casa que parecia mais um castelo. Para além desse, havia uma prateleira, não muito acima das cabeças deles, de modo a deixar ver o que estava lá em cima. Estavam lá presentes umas chaves de um carro, que ela não consegui destingir qual era, uns cartões coloridos e um bloco de notas com uma caneta.
         William nem reparou na sua surpresa, conduzindo-a a sala e ficando encostado a porta, preocupado.
 - O que te aconteceu? - interrogou-a, sem perder tempo.
          Apesar disso, Alice não estava a prestar atenção ao William, olhando ainda mais espantada pela sala toda. "Mas que...?" pensou ela, examinando a sala, ainda em estado de choque. A cor que mais predominava na sala era a cor bege clara, indo desde as paredes até ao tapete que estava mesmo debaixo da pequena mesa, no centro. Os cortinados, laranja e bege, tinham um toque de um amarelo torrado, muito parecido com ouro amarelo, e cobriam as janelas completamente, tendo desenhos abstractos leves, parecendo um pouco à uns cortinados de uma sala antiga e onde viviam pessoas vindas de um castelo. No fundo da sala havia uma televisão grande, de ultimo modelo, com varias consolas de jogos por baixo, tendo umas estantes presentes de cada lado da televisão, sendo formado por eles um armário, devido a ligação que era feita pelos blocos de pedra preta. Nas três estantes do lado esquerdo, viam-se imensos jogos, de tipos variáveis e de vários gostos possíveis e nas estantes do lado direito, vários livros estavam pousados. Esses pareciam que eram velhos, devido ao aspecto que eles apresentavam. Também havia lá uma pequena mesa com varias estatuetas de ouro. Umas delas eram anjos, outras ovos e outras vasos com flores, sendo que cada uma delas era feita com muito pormenor. Os sofás da sala tinham um cobertor por cima, de uma cor alaranjada com  umas almofadas que pareciam muito macias. Nas paredes estavam expostos quadros de todo o tipo e feitios. No lado esquerdo da janela da sala, do lado mais próximo da porta de entrada para a sala, estava presente um armário com fotografias. Nestas dava para ver varias pessoas apresentadas. Umas eram em preto e branco e outras a cores. Mas havia uma fotografia que captou a atenção dela. Era uma foto constituída por duas famílias. Do lado direito, Alice deduziu que eram os pais do William, já que a mãe dele tinha o cabelo loiro claro. Do lado direito as pessoas já eram desconhecidas, mas parecia como se ela os conhecesse de algum lado. A mulher, que estava a sorrir com um sorriso grande que transmitia felicidade, tinha uns olhos castanhos com um cabelo ruivo ondulante até a cintura, enquanto que o homem que estava ao lado dela, tinha uns cabelos castanhos e olhos azuis brilhantes. As duas famílias estavam vestidas com roupas de ocasião e estavam todos a sorrir alegremente.
 - Alice! - chamou-lhe William, desconcentrando-a.
 Descendo do seu mundo de fantasia, Alice virou-se para William, surpreendida:
- O que?
 William observava-a com as sobrancelhas erguidas e um olhar critico, tentando descobrir o que se passava.
 - Que tal contares-me o que aconteceu? - perguntou, tentando parecer pouco surpreendido com a reacção dela.
Alice olhou para ele durante uns segundo, pensando se devia responder-lhe ou não... não tinha a certeza se ele entenderia-a.
 - Eu... - iniciou ela, olhando para os seus pés - Não.. não é nada...
 - Alice!
 - Eu disse que é nada! - exclamou ela, olhando para ele, mas sem fixar os seus olhos. - É só uma discussão que tive com os meus pais... não impo...
 Sem dar-lhe tempo para responder, William puxou pelo seu braço, levando-a para fora da sala, dirigindo-se ao segundo andar. Por momentos, Alice conseguiu ver o que estava no outro quarto. Parecia um pouco mais escuro que os outros mas ela não prestou atenção. Só mesmo por instantes, ela viu um quadro parcialmente coberto com um pano preto. Na parte que estava descoberta, um homem de tronco nu sentava-se em cima de outros humanos. Essa imagem ficou gravada na memoria da Alice e ela sabia que o homem segurava algo na mão estendida, apesar de não a ter visto.
 Os seus pensamentos foram arrancadas no momento em que subiram as escadas. O segundo andar era igual ao primeiro, com a diferença em que no corredor, havia vários vasos de lírio, todos decorados, a enfeitar o corredor. Sem parar, William levou a Alice para o segundo quarto a contar da esquerda. Abrindo a porta, fez-a entrar lá dento de forma um pouco brusca.
 - Agora conta! - exigiu saber, observando-a sem hesitar.
- Mas que raio? Já te disse que não é na..!
 - Há quantos anos achas que eu te conheço!? Sei bem quando é que estas a mentir e quando não! - declarou ele, interrompendo-a - Talvez não te conheço tão bem como os teus pais, mas sei que vosses não discutem assim sem mais nem menos. Ainda por cima, nunca te vi sair de casa naquele estado!
 Fixando o chão outra vez, Alice examinou as suas probabilidades de sair dali sem contar nada, e teve que admitir para si própria que eram baixas. Suspirando, Alice olhou para as suas mãos e reparou que estavam cheias de rímel.
 - Oh não! - exclamou ela, assustando o William com o seu tom de voz.
 - Q-que se passa?
Alice olhou para ele e escondeu a cara entre as mãos. Pensando que ela iria chorar outra vez, William tentou aproximar-se quando ela deu um salto repentino, fazendo com que ele cai-se para trás. Estando virada para ele de costas ela perguntou:
 - Posso usar a tua casa de banho?
 - Que? - William estava a olhar para ela espantado, não conseguindo entender aquilo em que ela estava a pensar.
 - Posso usar a tua casa de banho? - interrogou ela outra vez.
 - Sim... claro... esta logo em frente. - disse ele, ainda perplexo no chão.
Alice saiu do quarto dele, abrindo a porta da casa de banho e  fechando-a logo a seguir. Quando ela virava-se para lavar a cara, ficou sem falar, especada no mesmo lugar. A casa de banho era enorme, com azulejos de um azul marinho. A banheira e os arrumários eram feitos de mármore brando e pequenas veias azuis claras travessavam o mármore branco, parecendo teias de aranha. As toalhas, também azuis, estavam impecavelmente limpas, tal como o lavatório, o que provocou a Alice uns arrepios. Alice ficou sem se mexer durante vários instantes até que o William bateu a porta, sobressaltando-a.
  - Alice, estas bem? - interrogou-a - Vou entrar, ok?
Abrindo a porta, William entrou devagar, olhando espantado para a Alice que se encontrava em frente ao lavatório  sem se mexer. Ela, por sua vez, ainda estava em choque pelo que estava a acontecer e o que já tinha visto.
 - Ei...estas bem?
 - Sim... - ela respondeu com uma voz um pouco débil. - É... é que eu tenho medo de sujar algo...
 - Ha? - William estava perdido outra vez. - A minha mãe limpa isso com magia e tu estas preocupada? - irritado, ele observava-a.
 - Pois... já que pões isso nesses termos... - fitando o William, ela corou um pouco e virou a cara - Sai!
 Levantando as sobrancelhas, William não podia acreditar no que acabou por ouvir.
 - Sabes que isto é a minha casa, não sabes?
 - Pois... Mas a mim tanto me faz. - disse ela, chegando-se até ele, com a cabeça baixa, e empurrando-o para fora da cas-de-banho.
- Ei... O que é que estas a fazer? - perguntou ele, resistindo a ela. Mas foi sem efeito. Ela consegui empurra-lo para fora da casa-de-banho, fechando lhe a porta na cara. - Para que é que foi isso.
- Deixas-me lavar a cara em paz? - perguntou ela, corando.
- Ah... Pois... - disse ele, sentando-se à porta.
 No momento em que ela abriu a água, ele suspirou de forma sonora, abrindo os olhos e olhando para a janela no seu quarto.Não havia nenhum movimento na rua. "O que poderia ter acontecido?" meditou ele por um bocadinho, acabando por desistir. No momento em que Alice fechou a corrente, ele esqueceu o assunto e concentrou-se nela.
 - Alice... - chamou baixinho, olhando para baixo.
Do outro lado da porta, Alice quase nem conseguia ouvir o que ele disse, mas aos seus ouvidos, ele parecia um pouco triste.
- Sim?
 - Olha... estas ainda zangada comigo? - interrogou, fechando os olhos para prestar mais atenção quando, de repente, a porta abriu-se.
 Alice, com o espanto, abriu a porta sem pensar. Estando encostado a porta, no momento em que ela se abriu, William caiu para baixo, batendo com a cabeça com muita força no chão. Tudo tinha acontecido tão rapidamente que Alice nem teve tempo de tentar agarra-lo, estando ele já no chão, aos seus pés, com as mãos na cabeça e a cara cheia de dor.
 - William! - exclamou preocupada, baixando-se e pondo a cabeça dele em cima dos seus joelhos - Estas bem?
 - Duvido que aja alguém que não esteja bem, estando nos teus joelhos...
Envergonhada, Alice levantou a cabeça dele e deixou-a cair sem mais nem menos.
 - Au... isso doeu... porque é que fizes-te isso... - interrogou-a, levantando-se devagar.
 - Bem...- Alice nem dignava-se a olhar para ele, encaminhando-se para o seu quarto - se consegues gozar comigo, então estas bem.
Irritado, William segui-a, sem dizer nada. Observando-a enquanto ela entrava e sentava-se na cama dele, olhando a volta, fez-lhe sorrir um pouco, mas rapidamente dominou-se. Alice analizava o quarto, comparando-o com o resto da casa, que era muito mais simples. As paredes eram de um azul muito claro e os cortinados, também azuis, tinham umas riscas brancas. Esses, por sua vez, eram quase da mesma cor que os olhos dela. A cama também tinha lençóis azuis e estava do lado esquerdo da única janela que estava no quarto. Uma mesa de madeira clara ficava posicionada do outro lado da janela e tinha um laptop moderno em cima dela, com uns papeis e canetas apresentada em cima. "Wow.." ela não conseguiu evitar de pensar quando olhou para fora da janela. Por ela era visível a casa dela e o seu quarto. Alice varias vezes já se tinha interrogado se o William ficava a olhar as vezes para o quarto dela, como ela as vezes fazia a noite. Mais uma vez, esse pensamento deixou-a a imaginar coisas mas dominou-se depois de olhar para a janela de sala de estar que era visivel, fechando levemente os olhos, triste. Vendo-a assim, William resolveu interromper os seus pensamentos.
 - Então o que é que aconteceu? - perguntou-lhe outra vez, sem se deixar abater pela sua recusa.
 - É... não é nada. É melhor eu ir... - decidiu Alice, levantando-se quando alguém barrou-lhe o caminho.
Chocada, ela olhou para o William que estava a frente dela, de braços abertos, a não deixar-lhe sair, com um olhar zangado.
 - Onde é que tu pensas que vais? - interrogou-a - Achas mesmo que eu te deixo sair neste estado?
- Mas eu estou bem! - declarou ela, tentando afasta-lo do caminho mas sem resultado.
Suspirando, olhou para ele, tentando encontrar uma maneira de sair. Depois de 5 minutos, Alice entendeu que não tinha hipóteses contra ele. Ele era demasiado forte para ela e parecia que estava determinado a saber a verdade.
 - Que tal um compromisso? Eu digo-te o que tu quiseres saber e tu me dizes o que eu quero?
William olhava para ela cuidadosamente, e acenou a cabeça concordando. Depois de suspirar três vezes, Alice sentou-se novamente na cama enquanto William relaxava.
 - Ok,o que queres saber? - indagou, dando-lhe a primeira questão.
 - Como é que se sabe se somos mágicos ou não? - Alice perguntou, de um modo ríspido, realmente interessada.
 Admirado com a  questão, William tentou não fazer juízo de valores mas algo estava mal  e ele sentia isso.
  - Bem.... normalmente só as pessoas magicas têm poderes... tem acontecido que os Normais tenham mas é muito raro - prosseguia, sem reparar na cara da Alice - Quando somos crianças, os nosso pais dão-nos uma pequena instrução mas é só quando temos 15 anos é que normalmente temos a certeza. Uma carta chega da escola a avisar.
 - Hm... então... Mas como é que isso acontece... Quero dizer... Aqueles que não sabem que têm magia? Como é que eles descobrem? - perguntou ela, olhando para baixo, só levantou o olhar, quando o William chegou-se mais perto da janela.
- Bem... Os que conseguem poderes de magia sendo que eles provêm de uma família de não mágicos, há uma pessoa que os visita de modo a explicar tudo e referir o que vai ser feito dali em diante. Eu não sei bem.. Nem o meu pai explicou-me isso.
- E podem recusar? - perguntou ela um pouco assustada.
- Não... Uma vez magico, para toda a vida magico. Se um magico não for a escola e continuar a sua vida de dia a dia, os seus poderes podem descontrolar-se, ele pode acabar por expor o nosso mundo a toda a gente.
- Não tiveste medo de expor o teu mundo a mim! - declarou ela, olhando-o de lado.
- Por isso é que eu disse que ia apagar-te a memoria. Melhor dizendo, o meu pai é que ia, eu não sei utilizar essa magia, ainda. Mas também, já é tarde demais, acho eu.
- Achas bem.... Mais uma...
- Na, na, na - interrompeu-a William, com um sorriso - Agora é a minha vez. - disse ela, fazendo uma pausa antes de prosseguir. - O que aconteceu para estares a chorar?
Olhando para fora, Alice tentou inventar uma desculpa mas não consegui inventar nenhuma.
- Bemm.... Eu... - começou ela, mas foi interrompida.
De fora da casa veio um enorme estrondo e os dois olharam para fora da casa, verificando que toda a rua estava envolta na escuridão.

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