Mudanças
Todos os presentes olharam para a Alice em choque, menos o William, que já estava a espera dessa resposta vinda dela. O que ele lhe tinha dito no quarto era a pura verdade. Ela não seria capaz de viver naquela casa como antes, não só por causa do facto de ela não ser a filha deles, mas também por causa dos seus poderes que ela tem de aprender a controlar.
Lily e Bill olhavam a Alice, sem conseguir pensar em mais nada a não ser as suas palavras. Para os dois, isso foi a pior coisa que podia acontecer. Estava a espera que ela fosse contra isso tal como eles e não que aceitasse assim de repente. Foi como se ela os tivesse traído. Lily recuperou do choque antes do seu marido, semicerrando os olhos enquanto mantinha-os em cima da sua filha.
-Com que então vais? Isso foi rápido. - a sua voz era fria, completamente diferente daquela que usava normalmente para dirigir-se as pessoas, menos ao William. -Como podes ter feito essa decisão assim sem mais nem menos?
Irritada com a reação dos dois, Alice cruzou os braços, respondendo com indiferença.
- Não foi sem mais nem menos. A verdade é que eu não consigo ficar aqui como se nada tivesse acontecido. Não consigo nem vou ser capaz de o fazer. Preciso de controlar os meus poderes, sobre os quais vocês deveriam me ter dito antes de eu descobrir que não sou sua filha, e acho que ir a essa escola é a oportunidade ideal de o fazer, não acham?
Era a vez dela de mostrar a sua irritação com a situação. Lily e Bill entre olharam-se outra vez, tristes com a situação. "Devíamos ter lhe contado antes..." pensaram os dois. A situação estava tão horrível que nem William nem a Miranda estavam com a vontade de interromper, pois a irritação dos três podia passar para eles de um momento para outro. Mas de repente, a porta da frente abriu-se. Todos, espantados, olharam na tentativa de ver quem era, quando de repente, George entrou na sala com um sorriso.
- Desculpem-lá pelo atraso. Eu... - declarou, entrando com um sorriso na sala, mas que se desvaneceu a medida que viu as caras dos outros - Estava um pouco... ocupado... Então, que se passa?
Tanto William como a Alice entre olharam-se, com uma vontade grande de começar a rir da expressão dos adultos. George, confuso, observou a cena em silencio, esperando que alguém lhe explicasse o que se passava e quem era a mulher estranha que estava sentada na sua cadeira preferida. Mas todos, com exceção do William e da Alice, que estavam a tentar controlar-se para não rir, mantiveram-se calados a espera que ele sai-se. Irritado, George encaminhou-se para ao pé da sua irmã, sentando-se ao seu lado.
- Então? Ninguém me explica? - interrogou, ainda a observar a mulher, com um olhar de mal vindos.
- George... vai para o teu quarto. - ordenou Lily, quebrando o silencio auto imposto. - Estamos a falar de coisas serias que se relacionam com o futuro da Alice, por isso seria simpático da tua parte se tu saísses.
- Mas ela é minha irmã... não acham que eu devia saber o que se esta a passar? - era a vez dele de se expressar. - E, afinal de contas, o William está cá, logo, é algo que eu também posso ouvir, não?
- Não ouviste a tua mãe? - interrompeu Bob - A tua mãe disse para sair! Saí!
Furioso, George pôs-se de pé, murmurando coisas para si e dirigiu-se a cozinha, mas, sem qualquer aviso prévio, ela virou-se observando a Alice e o seu amigo.
- Vamos comer um gelado. Deixem lá os adultos tratas das suas coisas.
Essa era a vingança dele por tratarem-no como uma criança. Feliz e satisfeita com a possibilidade de se escapulir daquela situação, Alice levantou-se, indo atrás do irmão, sendo seguida pelo William.
- Acho que é uma ótima ideia! Eu já disse o que queira e não há mais nada que posso fazer aqui, por isso, vou com o George.
Não dando a possibilidade de resposta, ela saiu da sala com um acento de mão, deixando os adultos para traz, sozinhos, pois o William também a seguiu, sem sequer pensar duas vezes. Não estava com paciência para ficar a ouvi-los discutir uns com os outros.
- Então? Aonde vamos? - interrogou Alice, apanhando o George perto do carro.
Com um sorriso travesso, ele entrou no carro, a espera dos outros dois. Ao contrario dos seus pais, ele gostava do William, pois para ele William não só protegia a Alice, mas também não era nenhum tolinho nem marrado, sendo capaz de fazer as coisas com jeito mas de modo livre. Até era um bocado rebelde, algo que George adorava.
A viagem foi rápida. George resolveu leva-los ao shopping. Queria ir ao cinema mas sozinho não era assim tão interessante. Tinha saído um novo filme que os três queriam ver muito, pelo que ninguém discutiu quando o George foi comprar os bilhetes, sem consulta-los. O filme durou umas duas horas e foi um dos mais espetaculares que alguma vez viram. Tinha muita ação e, ainda por cima, era 3D. Para a Alice, aquela foi a melhor parte de todo o dia, e nem mesmo o William podia discutir com isso. Já era muito tarde quando eles por fim saíram do shopping. George comprou aos dois gelado, tal como tinha prometido.
- Hoje foi divertido. - Alice disse de repente, antes de sair do carro.
O William observou-a, abrindo a boca para dizer algo mas, ao olhar para os seus olhos, mudou de ideias.
- Bem... eu tenho que ir andando. Vemo-nos amanhã... - ele despediu-se e foi-se embora, deixando Alice com o George que a olhava.
- O que se passou hoje? - George interrogou, suavemente.
- Bem... isso terão de ser "eles" a contar... mas não esperes que eu atua normalmente durante as próximas semanas - ela avisou-o. - Mas... - disse ela, parando a alguns centimetros dele - Vão haver muitas mudanças a partir de agora. Em breve vou para uma escola que é fora do nosso pais, se os pais te contarem tudo vais achar isso fixe ou então vais passar a odiar-me, mas não nos vamos poder ver muitas vezes.
George olhou para ela espantado. Ele não conseguia entender la muito bem o que estava a acontecer, mas conseguiu pelo menos apanhar a ideia de que as coisas que aconteceram naquele dia não foram la muito agradaveis.
- Eu não sei o que aconteceu hoje, e não vou perguntar já que tu não queres isso, mas, eu nunca te vou odiar. Quer dizer, és a minha querida irmazinha mais nova! - disse ele, agarrando a cabeça da Alice e começando a esfrega-la.
- Ai.. isso doí, sabes? Mas... Obrigada por pensares assim. Bem, eu vou para dentro! - disse ela,com uma cara triste, dirigindo-se para a porta de entrada.
Tal como o William, ela despediu-se e entrou na casa, deixando o seu irmão pendurado e admirado com o seu comportamento. Apesar de não entender nada, George viu que algo mudou... algo que afetou tudo a volta da Alice.