Escolha
Alice estava deitada na cama, de barriga para baixo, escondendo a cara na almofada. "Detesto-vos!" pensou, enquanto as lágrimas perdiam-se na almofada. "Porque é que isto tinha que acontecer? Eu queria ser normal.." A janela estava aberta, havendo uma corrente de ar por todo o lado.
Ele subiu as escadas, sem fazer muito barulho, tentando ouvir alguma coisa do piso de cima, mas tudo continuava calmo. A porta do quarto estava fechada e, ganhando coragem depois de suspirar longamente duas vezes, William bateu nela com pouca força, esperando pela reposta, que não recebeu. O silencio prolongou-se durante alguns segundos, até que ele, irritado, bateu outra vez, com mais força e determinação, sem se importar com o barulho que estava a fazer, a espera de irritar a Alice e leva-la a sair do quarto, algo que aconteceu brevemente.
- O que? -interrogou chateada a Alice, abrindo a porta, ainda com lágrimas nos olhos.
- Isso devia perguntar eu?! Mas que coisa! - irritado, ele entrou no quarto sem cerimonia, puxando-a atrás dele - Não me lembro de ter feito nada de mal para me tratares assim, pois não? És tão irritante!
- Olha quem fala! - interrompeu-o, sem qualquer aviso. - Tu não entendes nada.
Um rajada de vento passou pelo quarto, fazendo com que a porta batesse com força, enquanto o William observava-a, a chorar. Era tão raro ela chorar que ele já nem se lembrava do que fazer para ajuda-la. Algumas das memorias passadas passaram pela cabeça dele. Memorias do tempo em que eles ainda não eram amigos e que ele chateava-a sempre que podia, irritado por ter que viver com humanos. As partidas que ele pregava eram horríveis mas Alice nunca chorou, sempre mantendo-se alegre e com um sorriso radiante. Ele só viu-a derramar lágrimas uma vez, por causa da morte do seu animal de estimação, um gato preto com olhos azuis escuros que foi uma prenda de alguém muito importante, mas que ela não se conseguia lembrar de quem. Nesse dia, ela ficou a chorar, parada, no parque. Quando ele a viu, ela parecia tão quebradiça como se fosse de vidro, e uma só palavra podia quebra-la por completo. Sentiu a necessidade de a proteger.
Abanando a cabeça, William libertou-se das memorias passadas, concentrando-se no problema que tinha a sua frente. Desta vez,ela parecia ainda pior que antes, mais quebradiça.
- Tu já sabias que não eras a filha deles, não sabias? - interrogou-a, com uma voz e cara seria.
- Não entendo do que estas a falar....
- Não te faças de parva. Bem sei que não és estúpida, pelo que não finjas. Tu sabias de tudo e é isso que te irrita. Por eles terem-te contado a verdade desta maneira, quando alguma coisa que eles não conseguiam controlar aconteceu. Por isso é que estas tão chateada.
- Para com a psicanálise, William. Isso é irritante. - sentando-se ao lado dele, suspirando. - Não és tão bom nisso como pensas.
Observando-a, ele sorriu um pouco. Parecia que ela ia cooperar e isso era excelente.
- Então porque é que tu não contas porque é que estas assim?
- Eu... - Alice olhou para ele, suspirando. - É verdade... eu sabia. Afinal de contas era um pouco estúpido, visto que tudo indicava que eu não era a filha deles. A estatura, cabelo, pele... Mas eles continuavam a fingir... tal como eu.- sorrindo, ela levantou-se, olhando a volta. - Sempre tive esperanças que eles contem a verdade.. mas não assim... Afinal de contas, como é que vai ser a partir de agora? Nada será igual. - virando-se para o William, o seu sorriso desapareceu. - Nada será igual...
-.Alice... - aproximando-se dela, ele bateu-lhe com força na cabeça, sorrindo. - Não te preocupes com isso. Tens muito tempo para pensar no que irás fazer. Pensa. Só falta esta semana para o inicio das aulas e lá podes pensar no assunto quanto quiseres, não?
-Numa só semana? - disse ela, revirando os olhos, com uma voz de irritada.
- Sim... Querias mais tempo ou que? - perguntou ele, agarrando a mão dela.
Ela olhou para ele com a cara de espanto, e com as lagrimas a escorrerem ainda pelo rosto.
- Tudo ira correr bem. Eu vou te ajudar! - disse ele, sorrindo-lhe.
Alice não sabia o que dizer. Era a primeira vez que ele foi assim tão simpático como era naquele momento. Ela nem conseguia imaginar uma coisa que pudesse ultrapassar aquele momento. Baixando a cabeça, ela limpou as lágrimas, e tirou a sua mão da dele, levantando-se logo a seguir.
- Vou só a casa de banho.
- Ok... - disse ele permanecendo no mesmo lugar. - "Que que eu fiz?" - perguntava-se ele, enquanto olhava para a sua mão.
Alice lavou a cara, tentando limpar as lágrimas e fazer algo com os olhos inchados. Já não chorava a frente de alguém há muito tempo. Suspirando, ficou a pensar no que ele disse-lhe. Tinha que admitir que o que ele disse era verdade. "Talvez é melhor assim..." refletiu, fechando os olhos por um bocadinho. Seria mais fácil fingir que tudo estava bem por algum tempo e depois pensar bem no assunto, longe de todos.
- Sim... Querias mais tempo ou que? - perguntou ele, agarrando a mão dela.
Ela olhou para ele com a cara de espanto, e com as lagrimas a escorrerem ainda pelo rosto.
- Tudo ira correr bem. Eu vou te ajudar! - disse ele, sorrindo-lhe.
Alice não sabia o que dizer. Era a primeira vez que ele foi assim tão simpático como era naquele momento. Ela nem conseguia imaginar uma coisa que pudesse ultrapassar aquele momento. Baixando a cabeça, ela limpou as lágrimas, e tirou a sua mão da dele, levantando-se logo a seguir.
- Vou só a casa de banho.
- Ok... - disse ele permanecendo no mesmo lugar. - "Que que eu fiz?" - perguntava-se ele, enquanto olhava para a sua mão.
Alice lavou a cara, tentando limpar as lágrimas e fazer algo com os olhos inchados. Já não chorava a frente de alguém há muito tempo. Suspirando, ficou a pensar no que ele disse-lhe. Tinha que admitir que o que ele disse era verdade. "Talvez é melhor assim..." refletiu, fechando os olhos por um bocadinho. Seria mais fácil fingir que tudo estava bem por algum tempo e depois pensar bem no assunto, longe de todos.